sábado, 9 de abril de 2011

LUGARES DE JOINVILLE - 70 E 80

ARMAS À DISPOSIÇÃO DE TODOS

O indivíduo e a sociedade em geral têm reações muito curiosas quando ocorrem eventos trágicos. A tragédia do massacre no Rio de Janeiro tem um efeito de espetáculo pela forma ridícula que é explorada por uma imprensa sensacionalista, destituída de pudores, que tem como objetivo único vender espaço e, por conta disto, faz voltar os olhos unicamente ao indivíduo, o agressor ou assassino, colocando uma legião de especialistas e jornalistas a alimentar todo e qualquer tipo de cenários e conjecturas sobre qual seria o histórico, desvio psicológico e social, envolvendo qualquer pessoa que possa render um comentário, mesmo que ridículo, para explicar, bem devagar, qual seria a motivação do indivíduo para sair de casa visando matar crianças.

Não surge nestas conjecturas e avaliações perguntas como: Porque um indivíduo pode ter em seu poder duas armas fabricadas por uma indústria que, mesmo em tempo de paz, comercializa oficialmente ou ilegalmente em qualquer esquina do país, instrumentos que levam a morte. Estas armas matam milhares de pessoas todos os anos, seja na prática do crime, pela mão de desajustados psicóticos, por suicidas ou pelas próprias autoridades, civis e militares no combate ao crime.

Nesta mesma semana em que crianças foram covardemente assassinadas no Rio de Janeiro, centenas de outros jovens morreram ou mutilaram-se nas ruas das cidades brasileiras portando outra arma mortal - motocicletas ou as BIZ, veículos que invadem como enxame o país, sem qualquer fiscalização e restrição. Nesta semana, antes mesmo do massacre do Rio de Janeiro, defrontei-me com seis acidentes envolvendo a tal da BIZ, um veículo frágil desprovido de meios de proteção eficazes que servem hoje como o meio de transporte individual, o que mais cresce no país. Dois destes acidentes foram em estradas federais, ambos com vítimas fatais. As vítimas dos acidentes com moto são, em sua imensa maioria, jovens que acabam mutilados e, de tão comuns, não mais geram qualquer indignação por parte da sociedade e, por consequência, qualquer ação das autoridades.

Não existe controle sobrea venda de armas, assim como não existe qualquer restrição à venda de motocicletas, que são comercializadas em prestações de oitenta reais por mês, conduzidas por uma imensa maioria de jovens adolescentes despreparados psicologicamente para enfrentar um caótico e mortal trânsito.

Se fizéssemos uma avaliação mais profunda das causas, formas, motivações e meios pelo qual ocorrem tantos traumas e tragédias familiares, adotando ações mais efetivas de controle e regulamentação, certamente teríamos menor probabilidade de nos surpreendermos evitando milhares de vítimas todos os anos.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

FOBIA SOCIAL

A fobia social é um transtorno caracterizado por medo persistente de enfrentar situações sociais (de risco, na imaginação da pessoa), como por exemplo o contato com pessoas fora do âmbito do espaço de domínio. Essas situações costumam ser evitadas e, quando defrontadas, são acompanhadas de ansiedade intensa, angústia e sintomas autossômicos.

Normalmente as pessoas com fobia social se imaginam sendo humilhadas publicamente ou colocadas em situações embaraçosas. A insegurança em responder ou dialogar com terceiros faz com que ela se aloje nos locais onde se considera protegida.

São exemplos dessas situações as apresentações ou debates em público, apresentar-se em local público, utilizar um espaço público e conversar com pessoas. A essência da fobia social é o receio extremo de ser “examinado” pelos outros, e que freqüentemente culmina em evitar ao máximo estas situações.

A fobia social parece algo muito comum nesta cidade, que decide tudo em quatro paredes sem muita conversa  e isto ocorre exatamente por quem deveria estar presente e permanentemente sendo o protagonista do processo de debate público, como resposta ao próprio compromisso.


QUEM QUER?


ALGUÉM QUER MAIS VEREADORES NA CÂMARA DE JOINVILLE ALÉM DOS PRÓPRIOS VEREADORES?

VOCÊ ACHA QUE SEUS PROBLEMAS IRÃO SER RESOLVIDOS COM MAIS VERADORES NA CÂMARA?

QUANTO VAI CUSTAR ISTO PARA A SOCIEDADE?

E AS OBRAS, E OS BURACOS NAS RUAS, E A SUPERLOTAÇÃO DO HOSPITAL?

QUEM VAI SER O ELEITOR?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

VLT EM BRASÍLIA

A tecnologia mais inovadora da atualidade e altamente confortável destinada aos usuários de transporte coletivo deverá gerar uma mudança de hábitos na cidade que foi projetada para o automóvel.

O Metrô Leve (VLT) é muito mais que um meio de transporte. É um recurso que permite repensar as cidades com mobilidade sustentável, assegurando a qualidade do serviço, a revitalização do espaço urbano e a preservação do patrimônio arquitetônico. Além de transportar usuários com segurança e conforto, o sistema gera empregos e proporciona mais liberdade à população.

A primeira linha de Metrô Leve da capital federal terá 22,6 km, divididos em três trechos, ligando o Aeroporto Internacional à zona sul, norte e central, passando pela região hoteleira e pels setores comerciais norte e sul (confira mapa).



A LINHA DE BRASÍLIA


Nos trechos que ligam o Terminal Asa Sul ao Terminal Asa Norte pela W3 (trechos 2 e 3), o Metrô Leve de Brasília (VLT) trafegará pelo canteiro central. As três faixas de rolamento existentes nos dois sentidos da via serão mantidas.


No trecho que cruzará o Eixo Monumental, entre a Asa Norte e a Asa Sul, o fornecimento de energia será pelo solo (APS). Atravessar os trilhos não será problema em toda a linha. Não há risco para a população.


O veículo é confortável e silencioso. Possui janelas amplas, climatização, comunicação com o piloto, piso no mesmo nível da plataforma, capacidade de tráfego sob superfície gramada, convívio trem-automóvel-pedestre com segurança, controle operacional e perfeita adequação ao trânsito.


Atualmente, circulam pela via W3 quase 8 ônibus/minuto ou 453 ônibus/hora, transportando aproximadamente 110 mil passageiros/dia, espalhando poluição sonora e atmosférica. Além de melhorar a qualidade do transporte, o VLT preservará o meio ambiente.

Algumas Informações:

SOBRE O VEÍCULO

  • » Velocidade máxima: 70 km/h
  • Velocidade comercial (média): 30 km/h
  • Veículo com 2,65 m de largura
  •  44 metros de comprimento (extensível para 54 m)
  • Capacidade de 550 passageiros/veículo
  • Estimativa de 12 mil passageiros/hora/sentido no pico, por dia
SOBRE O PROJETO

  • » Acessibilidade total nas estações e nos veículos
  •  Menos carros na W3. Redução estimada em 30%.
  • Menos ônibus na região: redução será progressiva
  • Fonte de energia elétrica
  • Canteiro central da W3 será gramado
  • Milhares de espécies de Cerrado serão plantadas no DF


terça-feira, 5 de abril de 2011

MEMÓRIAS JOINVILLENSES

O jornal “A Notícia”, em julho de 1959, publicava:

. . . todo forasteiro que chegar em Joinville logo terá a sua atenção voltada para um riozinho que, de quando em quando, aparece por detrás da murada dos prédios, atravessando os terrenos vagos e pondo à mostra, num descaramento sem igual, suas ribanceiras reformadas e cobertas pelo limo.

Trata-se do Rio Mathias. Pequeno e estreito não passa de um divisor de quitais e serve de veículo natural do lixo da cidade. Insignificante como é, não dá margem a elogios. É feio, é triste e logo a 1ª vista causa má impressão. . .”


Meio século depois o rio Mathias continua a ser um divisor de terrenos, ocupado, sobreposto, estreitado, canalizado, suprimido, descaracterizado, poluído, invadido e infecto.
 
Nada apreendemos, nada fizemos e hoje mantém-se feio, triste mas nem mais nos dá má impressão porque não pode mais ser visto.





segunda-feira, 4 de abril de 2011

JOINVILLE - MEMÓRIA E CENTRALIDADE EM ABANDONO

Rua XV de Novembro - 1926

Domingo, 15h30min, parei em frente à Farmácia Catarinense da Rua XV de Novembro, ali no centro de Joinville onde permaneci estacionado por uns quinze minutos. Neste breve, ao mesmo tempo longo, período não vi ninguém caminhando pela rua, nenhuma única alma, nenhuma criança acompanhada dos pais, nenhum jovem ou adolescente, nenhum idoso, nem mesmo um andarilho ou mendigo. Esta visão chocou-me, pois era a pior visão possível de um espaço público central que recheia minha memória com bons momentos na infância e adolescência, o mesmo espaço público que hoje é negado ao cidadão. 

Esta situação somada a tantas outras em que o abandono já impõe sua marca, nos leva a ter uma cidade totalmente carente, desprovida de opções para o lazer e entretenimento público gratúito. Hoje, chegamos ao absurdo de ouvir representantes do poder constituído negarem a possibilidade de que um dia a sociedade possa usufruir de algo que é comum em toda cidade que almeja qualidade de vida a seus habitantes, áreas públicas bem estruturadas e cuidadas. 
Lembrei também que ali, naquela rua haviam árvores frondosas que foram plantadas na década de oitenta quando foi realizada a última intervenção urbana na rua, 
mas que há pouco mais de um ano foram sumariamente arrancadas sem qualquer bom pretexto. Percebi que os passeios permanecem abandonados, esburacados e sem qualquer cuidado, que a sujeira e o capim crescem. Defrontei-me com pilhas de sacos de lixo largados nos passeios e percebi todas as lojas cerradas com portões de aço sem uma vitrine sequer à mostra. Por fim, atentei-me para a arquitetura, que outrora resplandecia e hoje está totalmente alterada, descaracterizada e sem qualquer cuidado com a memória.
Infelizmente, eu não tinha uma câmera à mão para registrar aquele exato momento onde o abandono e desprezo estariam inexorávelmente registrados, confirmando minha suspeita de que a cidade segue o caminho da autofagia das mais preciosas identidades.
A visão também levou-me ao tsunami do Japão. Lá, eles foram vítimas de um fenômeno natural absurdo que arrasou, em questão de minutos, cidades inteiras, bem planejadas e cuidadas, ceifando milhares de vidas e uma longa história, mas nunca a memória.  Aqui, temos um outro tsunami, uma onda que lenta e gradualmente arrasa nossa capacidade de autocrítica e discernimento, que destrói as nossas relações de identidade com o passado e com a nossa história e que vem destruindo a capacidade de indignação e reação da sociedade.

Esta foto tirada em 2007 - observe a quantidade de árvores que foram cortadas.