terça-feira, 16 de agosto de 2011

RASGANDO AS NORMAS PARA OS PRIVILEGIADOS DE SEMPRE

Deu no Jornal A Notícia

Só Por Uma Assinatura

Instalação da Leroy Merlin em Joinville depende de mudança no zoneamento.


A vinda da rede francesa de lojas de material de construção, jardinagem e decoração Leroy Merlin depende de uma assinatura. A instalação deve ser confirmada após a sanção do prefeito Carlito Merss ao projeto de lei que alterou o zoneamento da avenida Hermann Lepper. A imobiliária que negocia o terreno com a multinacional diz que os executivos só conseguirão ter um cronograma de implantação a partir da assinatura da lei, prevista para ocorrer até o dia 2.

O gerente da Hacasa, Jean Pierre Lombard, afirma que a Leroy Merlin estuda desde o ano passado quais terrenos disponíveis seriam interessantes para seus negócios. A preferida, a área escolhida na Hermann Lepper, ainda não teve seu contrato fechado devido às tramitações da alteração da lei de zoneamento.

A lei que autoriza a construção de lojas de grande porte na Hermann Lepper foi aprovada pela Câmara de Vereadores na sessão de 26 de julho. O documento foi enviado para o gabinete do prefeito na sexta. Ontem, as secretarias relacionadas ao projeto e a procuradoria do município foram acionadas para avaliar o texto.

O departamento de expansão da Leroy não confirma a abertura da loja de Joinville, alegando que as unidades que serão inauguradas até o início de 2012 estão definidas e as que serão abertas depois não foram informadas pela direção.
 
MINHA OPINIÃO


Qualquer cidadão joinvillense comum que desejar construir ou ampliar seu negócio em terreno onde o zoneamento não permita, terá negada esta solicitação pela SEINFRA ou IPPUJ e ainda, para obter uma resposta protocolar, "passará pelo pão que o diabo amassou".

No entanto, elevadores privativos estão sempre abertos para alguns que recebem o privilégio de ter mudanças de leis de zoneamento direcionadas a objetivos privados, sejam eles especulativos ou para atender a um único objeto, mostrando que a lei deixou de ser geral, como a nossa Constituição preconiza.

O normal, numa cidade onde as leis são respeitadas pelos cidadãos, seria buscar edificar empreendimentos nas áreas onde o zoneamento permite. Aqui, para quem dispõe de poder e dinheiro, tudo será permitido, viabilizado, mudado, em especial as leis urbanísticas. Pior, o argumento usado é gerar um pretenso “desenvolvimento”, como se ele apenas fosse originado por grandes corporações.

Diante da informação divulgada no jornal ANotícia (“Só por uma assinatura”) chego a conclusão que vivemos um mal crônico e, isto me deixa envergonhado como cidadão.







TRÂNSITO EM JOINVILLE

Frase do Dia

"NADA ESTÁ TÃO RUIM QUE NÃO POSSA FICAR PIOR."




MEMÓRIA LOCAL PEDE PRESSA

Situação do patrimônio cultural de Joinville é inquietanteEm minha luta em prol da sustentação do patrimônio cultural de Joinville, tendo feito um passeio com amigos de fora do Estado, deparei com fatos inquietantes. Foi em 29 de julho, quando essas pessoas do Rio Grande do Sul e Mato Grasso do Sul vieram, como turistas, para conhecer Joinville.

O Mirante, local de início para uma boa visita por situar espacialmente a cidade, encontra-se com o acesso impedido em virtude de obras inacabadas, pelo que se pressupõem, há quase dois anos.

A edificação número 66 e a outra ao lado, as duas situadas na rua das Palmeiras, sofreram pela ação de incêndios decorridos em 2009 e em 2010. Logo após, tiveram as esquadrias retiradas e os vãos fechados com tijolos, quando, na verdade, já deveriam ter sido tomadas medidas para a recuperação e restauro das mesmas; visto que são exemplares de uma rua histórica, tida como cartão postal da cidade.

A edificação número 188, situada à rua Rio Branco, pela situação em se encontra, deixa dúvidas acerca dos trabalhos desenvolvidos: está sendo demolida ou passando por obras de recuperação ou preservação?

As edificações localizadas nas ruas Visconde de Taunay, 288, e Procópio Gomes, 848, lamentavelmente estão se transformando em ruínas.

O antigo Hotel do Imigrante, situado à rua 15 de Novembro, 967, teve o telhado substituído há um ano. Por outro lado, a falta de obras de restauro põe em risco outros detalhes significativos desse expressivo e tradicional patrimônio cultural joinvilense.

A casa enxaimel número 449, localizada na rua General Valgas Neves, faz parte de um conjunto com mais de um século de existência e continua marcando fortemente a história da cidade. Infelizmente, não se sabe com certeza se está passando por reformas ou demolição, já que o telhado dos fundos está sendo desmanchado.

A edificação número 42, situada na rua Blumenau, apesar de ter sido inserida ao conjunto de patrimônios históricos joinvilenses, passou por obras que descaracterizaram e apagaram a memória dessa edificação junto às demais.

A edificação número 776, localizada na rua Max Colin, esquina com a rua Blumenau, foi beneficiada com recursos cedidos pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) para o restauro. Enfrentou, porém - durante as obras - descaracterizações das aberturas, ou melhor, haviam sido restauradas as janelas para, em seguida, serem substituídas por vitrines e, depois novamente voltarem à sua forma original. Além disso, resta ainda proceder ao fechamento lateral da cerca com a recomposição do espaço do jardim, somado ao cultivo de flores e ao restabelecimento do gazebo, outrora erguido próximo à esquina, para trazer à tona a memória histórica deste patrimônio. Também sofreu brutalmente devido à interferência da edificação, construída aos fundos, a qual avançou sobre esta, sem o recuo necessário que permitisse continuar evidenciando este bem.

Os quatro entre os seis museus: Museu Casa Fritz Alt e Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville encontram-se interditados, impedindo a visitação. O Fritz Alt, desde 2010, em função de problemas no telhado, o qual continua sem reparos - e o Sambaqui, a partir do início deste ano, em virtude das enchentes. Somam-se a estes, o Museu da Bicicleta e o Museu da Indústria, o primeiro, ainda sem local definido para o acervo, e o segundo, também interditado. Restam então somente dois museus em funcionamento: o que está ocorrendo com as edificações culturais?

A visita não envolveu todos os patrimônios culturais e pontos turísticos da cidade, tendo sido relatada aqui apenas uma parte desse percurso, bem como o que foi presenciado e criticado pelos mesmos. Foram justamente essas constatações acerca do que se presenciou que me causaram grandes preocupações.

Que os setores competentes da gestão pública atendem aos fatos acima listados, para que não se venha a perder mais e mais dos patrimônios culturais de Joinville.

Aprendi a amar e a apreciar esta cidade e sua história. Tenho certeza de que este sentimento também norteia as preocupações das instituições acima referendadas no que se concerne ao patrimônio cultural – local de memória e turismo de Joinville.

Tomemos, pois, cuidado com o patrimônio cultural da cidade. O primeiro a dar exemplo deveria ser o gestor público municipal, recuperando o bem situado à rua Max Colin, 550, de seu poder. Este patrimônio cultural vem sofrendo com a falta de manutenção e abandono. Cita-se também o Parque Municipal da Caieira, o qual se encontra com o mirante interditado. Somando-se a essas interdições, tem-se ainda a Biblioteca Pública Rolf Colin, com problemas no forro e, recentemente, a Casa da Cultura. Estes últimos, espaços culturais e de turismo e continuam sendo objetos da falta de manutenção preventiva.

É preciso tomar cuidado em relação à cidade de Joinville. É nosso patrimônio! Isso me faz lembrar as duas primeiras frases do Hino de Joinville: “Tu és a glória dos teus fundadores, és monumento aos teus colonizadores [...]”. Estamos passando por um momento de delicado estado de alerta. Apressem-se!

*Rosana B. Martins é arquiteta e urbanista