quinta-feira, 7 de outubro de 2010

JOINVILLE- UM SONHO

Todo dia inicio minha aventura a partir do novo bonde elétrico, ou o tram como dizem agora, que há pouco foi inaugurado e chega deslizando suave e silenciosamente sobre os trilhos. Embarco e sento-me à beira da ampla janela que me permite desfrutar a viagem. À medida que o tram segue, fico observando, fascinado, as ruas arborizadas descortinando a cidade e o caminhar das pessoas nas amplas e bem arranjadas calçadas.

Brilham meus olhos de urbanista ao ver novamente os bens desenhados e cuidados jardins de flores em cada esquina, em cada rotatória, concorrendo com os jardins particulares ou floreiras à beira das janelas dos prédios residenciais. Vez por outra vejo-me no reflexo dos vidros em fachadas de belos e bem projetados edifícios ou lojas comerciais num constante contraste com a nossa arquitetura mais tradicional e histórica, impecavelmente preservada.

Causa-me especial prazer passar pela Praça da Bandeira. Não deixo de me impressionar com a nova e contemporânea arquitetura do novo teatro municipal, construído no local onde havia aquele terminal de ônibus. Ao lado, posso finalmente rever o antigo Cine-teatro Palácio, recentemente restaurado, transformado num amplo museu e sala de convenções, contrapondo dois momentos da nossa arquitetura e história.

Estamos nos aproximando do Rio Cachoeira, onde volto no tempo a recordar da minha infância quando vejo crianças brincarem na Praça Dario Salles, que agora se transformou num bem planejado espaço multiativo. Fico satisfeito em saber que afinal fizeram os arranjos nos equipamentos, como foi debatido na última reunião comunitária. Resgatar o chafariz foi uma boa idéia e agora ele lança jatos de águas ao vento como se cada um competisse pelo mais belo salto.

Eis que repentinamente sinto meu corpo sendo lançado à esquerda, é o tram fazendo a curva para seguir rumo ao Sul pela margem do Rio Cachoeira. Não posso deixar de lembrar aquele antigo prédio verde que estava ali construído bem ao lado da antiga ponte, ligando o centro a Rua Aubé. Nem parece, mas já faz cinco anos que o demoliram. Melhor assim, a cidade ficou mais ampla e o Cachoeira respira melhor.

Olhando as águas do rio percebo uma breve corrida das tanhotinhas que saltam e nadam rapidamente pelas águas esverdeadas vindas da baía, afinal estamos em maré alta, o rio se transforma em algo absolutamente belo.

Desembarco na estação do Complexo de Entretenimento e Cultura do Moinho. Que lugar fantástico! Hoje, tirei o dia para uma leitura na biblioteca central da cidade. Não me canso de vir aqui, escolho um livro dentre os 200 mil do acervo, me dirijo ao terraço para tomar um café, ler e, nas pausas, admirar o verde intenso do Morro do Boa Vista contrastando com o azul do céu.

Ao lançar o olhar em direção ao Bucarein percebo algumas novas torres residenciais sendo construídas, criando uma harmonia singela com o skyline quase plano da zona sul, como se aquele espaço estivesse reservado à capacidade do homem para construir uma arquitetura com beleza, responsabilidade e respeito ao ambiente. Ah, estes novos arquitetos são mais felizes, estão mais ligados a novos conceitos de sustentabilidade e participam ativamente das novas transformações que a cidade vivencia.

Não deixo também de me impressionar com a quantidade de pessoas que embarcam na estação das barcas levando-os ao Boa Vista, Fátima, Espinheiros ou, para São Francisco do Sul. O Camacho estava certo, este rio ainda viria a ser uma hidrovia.

Finalmente, Joinville é um grande centro de atração de turistas. Percebo no semblante que todos estão com um bom astral, fascinados com a qualidade de nossa infra-estrutura, a arborização intensa dos espaços públicos, o nosso transporte público modelar e pelas grandes atrações na cultura, gastronomia e lazer.

Antes de retornar para minha casa, vou à praça de eventos para conferir quais são as atrações deste final de semana. Confesso que fiquei confuso, pois não soube escolher entre as duas peças de teatro, o extenso acervo de filmes no complexo das salas de imagem e som ou, o concerto em homenagem a Mendelson que será apresentada pela Camerata de Laussane no pequeno teatro.

Dirijo-me à estação do tram para iniciar meu retorno e vejo na tela a informação de que dentro de um minuto e vinte segundos ele chegará, aproveito para acertar meu relógio. Incrível a pontualidade e confiabilidade que transporte atingiu. Opa! Chegou o meu tram, parece até que reservei aquele lugar à beira do amplo janelão. Nada disto, aqui se respeita os lugares destinados aos idosos como eu.

Esta na hora de acordar. Talvez amanhã eu volte a sonhar novamente...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

HUMILDADE


Humildade vem do Latim "humus" que significa "filhos da terra".

A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão. Se diz que a humildade é uma virtude humilde, quem se vangloria da sua, mostra simplesmente que lhe falta. Ela torna as virtudes discretas, despercebidas de si mesma. A humildade não é depreciação de si mesmo, não é ignorância com relação ao que somos, mas ao contrário é ter o conhecimento exato do que não somos, sem que a vaidade se manifeste.

E as falsas humildades vem daqueles que se rebaixam ante os outros querendo parecer humildes, porém cheios de ressentimentos, inveja ou ambição. Ter humildade não é signo de fraqueza. Pode-se ser humilde sem se depreciar ou reconhecer os valores de cada um.

A verdadeira humildade, é aquela que o homem tem consciência e possui uma convicção do que ele é, da sua capacidade, da sua força ou da sua fraqueza, compreende a sua inferioridade, reconhece seus limites mas, não sofre por isso, se esforça e trabalha para ser melhor e procura constantemente seu aperfeiçoamento físico, moral e espiritual.

TIRIRICA SOMOS NÓS

O Brasil é um país onde deboche, absurdos, abusos e vantagens se combinam a tal ponto que acabam superando as nossas esperanças. Este país se orgulha por ter eleito como presidente um sujeito que encarna uma caricatura, muito mais do que um lider político, pois ele se auto-define como semi-analfabeto, que tem dificuldades para conjugar um verbo, que se gaba por não ter estudado, que faz graça das desgraças e de tudo que é sério e, que se julga onipotente e onipresente.

Por isto, não entendo toda esta indignação da imprensa, de intelectuais ou de tantos outros cidadãos brasileiros questionando a eleição do Tiririca. É bom lembrar que ele é bem mais autentico ao se vestir de palhaço que é sua profissão fazendo graça da desgraça. Talvez, seja importante destacar que ele está abrigado no mesmo partido do presidente, seu colega de política e, muitas vezes, de profissão. Mas isto não é apenas um hábito do partido do presidente, outros partidos de grande expressão abrigam ladrões, corruptos denunciados, condenados, que perderam mandatos políticos ou que renunciaram para escapar da cassação.As vezes me pergunto qual é o nosso conceito de democracia? Será que estamos forjando as bases de democracia sólida com estas pessoas? Como um partido polítco aceita, apoia e abriga esteriótipos ou personagens cujo curriculo ruboriza qualquer pessoa de caráter, minimamente ética e honesta.


Este é Brasil, onde o povo se distrai com as piadas presidenciais, com o Tiririca e outros tantos personagens que nos embriagam ou embaralham a visão e o bom senso. Aceitamos a densa maquiagem sobre as nossas desgraças morais e sociais, alimentadas por "bolsas família", "IPI zero" ou juros estorsivos, oferecendo a cada extrato social um motivo para a cegueira. Diante de tantos problemas estruturais não se vê indignação, apenas piadas e palhaços, no mais legítimo sistema "panen et circenses".

Nossa propagada pluralidade política, que deveria ser uma base sólida para o exercício da democracia, é forjada numa escola de palhaços e meliantes. Assim, nós é que somos os Tiriricas, fazendo com que as elites e coronéis da política gargalhem a cada eleição.