quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

TANTO LÁ COMO AQUI.

Alguns por aqui, nestas terras dos príncipes, fizeram manifestações semelhantes as que estão expostas pela arquiteta e urbanista Raquel Rolnick sobre São Paulo. Se por lá pensam assim, aqui também podemos sonhar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

JÁ FAZ TEMPO QUE A SITUAÇÃO É A MESMA...

Os relatos abaixo foram extraídos da publicação elaborada pelo engenheiro Fernando Camacho entitulada: "O ACERVO HISTÓRICO DO RIO CACHOEIRA", que utilizou diversas fontes de informações da história de Joinville onde constam relatos sobre enchentes as quais reproduzo parcialmente a seguir:

(...) Ainda ao longo dos anos de 1878 e 1880, cabe ressaltar entre outros, os seguintes acontecimentos envolvendo o Rio Cachoeira (segundo o Livro de Atas da Câmara Municipal de Joinville):

  • Em 29/04/1878, é formulada uma reclamatória de que a água do Rio Mathias não tinha livre esgoto por causa de uma obra feita no leito do mesmo;
  • Em 13/05/1878, é requerida, por um cidadão, a limpeza do Rio Águas Vermelhas, que, passando em seus terrenos, causa sérios danos neles, por não poder esgotar suas águas;
  •  Em 03/03/1879, foi solicitado outro pedido de recurso ao Governo Imperial para a construção de um caís no porto de Joinville e também para melhorias no canal do Rio Cachoeira;
  •  Em 15/12/1879, é feito um abaixo-assinado contra o abuso praticado por um cidadão no leito do Rio Cachoeira, onde em conseqüência de uma obra construída, foi impedido e embaraçado o fluxo d’águas no Rio Mathias;
  •  Em 14/06/1880, foi requerido, por um cidadão, licença para o estabelecimento de um curtume situado num terreno além do Rio Cachoeira,
(...) Em 1877, toma posse a nova Câmara Municipal, sendo eleito Presidente, o Sr. FREDERICO BRUSTLEIN.


(...) Uma grande enchente, resultante de 3 dias de chuva, deu-se neste ano, inundando o porto e elevando o nível das águas do Rio Cachoeira a 1,5m acima do nível das ruas mais baixas, chegando a entrar até pelas janelas das residências, causando danos.

(...) O ano de 1906 marcou várias inaugurações na cidade, tais como do Hospital Municipal; a Estrada de Ferro entre Joinville e São Francisco e do Mercado Municipal. A localização do Mercado Municipal foi objeto de muita polêmica. A decisão coube ao Superintendente, que assim se manifestou sobre o assunto:

(...) “Constituindo o charco do porto dessa cidade um foco de exalações mefíticas, que, além de desagradável à vista e ao olfato, era um perigo constante, sobretudo para os aterrá-lo, dele me servindo para o local em que veio a ser construído o mercado, medida essa com que ficou resolvido o principal ponto do saneamento público”(...).

O acontecimento marcante, no entanto, no início deste ano, foi uma grande enchente, resultado de uma forte chuva. O Ribeirão Mathias, cujo leito achava-se cheio de troncos de árvores que prendiam, na passagem, matos, latas velhas e arvoredos e impediam a correnteza das águas, transbordou, inundando vários pontos do seu curso.

Na região do Cubatão, as águas levaram dois cavalos, porcos, aves e todas as plantações. Houve muita destruição na Estrada Dona Francisca, caindo pontes e diversas barreiras. Várias casas desmoronaram. Parte do armazém e cais da Empresa Fluvial, à margem do Rio Cachoeira, ruíram.

O Ribeirão Mathias merecia atenção da imprensa, que acusava a Superintendência de não realizar obras como mandar endireitar suas encostas, consertando os desbarrancamentos que quase fechavam seu leito, impedindo a franca passagem das águas; o leito também encontrava-se cheio de focos de pau e pedras e...

“... Pelos barrancos das margens, há tanta mataria que o rio parece mais uma vala do que o já celebrado Mathias”...


Pelo jeito, em mais de 100 anos pouco aprendemos sobre as lições do passado.






SEM DESCULPAS

Joinville, em pleno século XXI ainda convive com absurdos e abusos de desobediência as leis.

Esta foto foi tirada em dezembro de 2010 cuja laje que é vista, bem como o muro ao fundo, estão sobre o leito do Rio Mathias, na Rua Aquidaban, próximo da Rua Otto Boehm. Segundo consta a laje foi autorizada pela Seinfra e, não se sabe se tem licença da FUNDEMA. Foi realizada sem embargo e a olhos vistos. É caso de polícia, para quem fez e para quem autorizou ou não fiscalizou.

Este ponto era um dos poucos ainda não ocupados do rio que ainda estava aberto e permitia o escoamento natural das águas nas frequentes enchentes da região. Agora, não tem mais e não é a toa que a região teve a maior cheia na história.

Onde estão os arrogantes funcionários públicos e gestores municipais para explicarem como isto foi possível.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

TEATRO MUNICIPAL DE JOINVILLE


A imagem acima é da maquete do Teatro Municipal de Joinville, projeto do arquiteto Rubens Meister elaborado entre 1987 e 1988, na gestão Wittich Freitag. A obra foi inciada com recursos da Lei Rouanet cuasj estruturas estavam praticamente concluídas quando surgiu o Plano Collor. Os recursos que estavam em conta poupança sumiram e nunca mais ninguém falou sobre o assunto.

No lugar foi edificado o Centreventos Cau Hansen que utilizou as estruturas, demolindo parte delas para colocar ali um ginásio travestido de "arena".


RUBENS MEISTER - Engenheiro e Arquiteto


Rubens Meister nasceu em Botucatu, no Estado de São Paulo, em 1922, mas criou-se em Curitiba. Descendente de suíços, cursou o primeiro grau na Deutscheknabeschule (escola alemã para meninos) do Colégio Bom Jesus, onde aprendia-se e falava-se alemão.

Arquiteto Rubens Meister foi considerado um dos mais importantes e expressivos nomes da arquitetura paranaense, Meister foi responsável, entre outras obras, pelos projetos do Teatro Guaíra, do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, o Teatro do SESC de Curitiba, o Centro Cívico em Curitiba, o Auditorio da Reitoria, sede da FIEP, a Rodoferroviária de Curitiba, a Rodoviária de Joinville, o Pavilhão principal da Expoville, a sede corporativa da WEG, dentre outras obras importantes.

ARQUITETURA & ARTE

Casa Confetti, habitação estudantil na Universidade de Utrecht. Projeto de Architectenbureau Marliers Rohmer, 2008. Fonte: Pedro Kok, Flickr. e http://melhorlugar.blogspot.com/2010/11/pedro-kok-fotografia-de-arquitetura.html

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

UM MAESTRO PARA O PLANO DIRETOR DE JOINVILLE

O que um maestro tem haver com o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville? Aparentemente nada, mas os últimos acontecimentos, entrevistas dos gestores para o planejamento da cidade,  o atraso na regulamentação do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville aprovado em 2008, me fizeram ler um texto que explica a função do maestro numa orquestra e na leitura de uma partitura, levando-me a algumas reflexões a qual convido-os a pensar sobre o assunto.


"Diferentemente da literatura ou da pintura, onde o suporte já está pronto logo que o autor termina a obra para a apreciação pública, a música precisa, assim como o teatro, de uma fase intermediária, que transforma o papel escrito - no caso a partitura - em ação estética. No teatro, existe a facilidade de ser feito num código que a maioria domina, a língua, ainda que as traduções muitas vezes não sejam boas. Mas manifestado, pode ser inteligível a qualquer um. Já a música não partilha deste privilégio, uma vez que pouquíssimos conhecem realmente a linguagem musical escrita, e ela só pode, via de regra, ser apreciada em seu estado de arte, em outras palavras, manifestado fisicamente através da produção sonora.

Portanto, o leitor deve desconfiar que existe uma ponte entre a partitura - o que está escrito - e o que soa. Se todo o mundo soubesse ler música, talvez esse abismo não existisse, já que também não é necessário que se veja uma peça de teatro montada para saber como ela é - basta que se leia. O grande regente Herbert von Karajan disse: "...ninguém pode dizer que conhece uma partitura, por mais que a tenha na cabeça, antes de tê-la experimentado na orquestra".

Considerando então que esse abismo efetivamente existe até para os maiores músicos, nós, simples mortais, não temos outra saída senão ouvirmos uma obra segundo a interpretação de um fulano, e daí a importância deste fulano na representação desta obra. O crítico francês Bernard Gavoty certa vez disse, muito propriamente sobre isso: "O maior compositor do mundo, se não tiver um intérprete adequado, é como um homem impedido de falar por uma mordaça."

Portanto, o intérprete tem um papel absolutamente fundamental no plano de expressão da obra, pois a ele cabe "traduzir" um emaranhado de signos musicais escritos em sons audíveis e coerentes (considerando a competência prévia do compositor, obviamente). Como existem diferentes tipos de intérpretes, falarei sobre eles com mais detalhes na próxima parte, sobre o plano de formação timbrística.

O maestro

Para que um grande contingente instrumental siga rigorosamente o tempo rítmico, a dinâmica e o andamento indicado na partitura, é necessário um chefe que mantenha a ordem da orquestra, pois do contrário seria fácil cada músico perder a marcação do tempo em relação aos outros. Entra, então, a figura do maestro como gerenciador deste sistema.

A figura do maestro, nasceu justamente da necessidade de especializar um músico para que ele fosse responsável por providenciar o equilíbrio da massa orquestral que o romantismo desencadeou. A partir do romantismo, o maestro passou a ser um músico independente, um especialista num determinado tipo de função musical, justamente a de líder estético e burocrático de uma orquestra, não só pela aumento progressivo de seu tamanho - o que demandou uma especialização imediata - mas também pela subjetividade crescente com que as novas obras musicais eram compostas. Naquela época, como os conjuntos instrumentais eram pequenos, o equilíbrio se fazia por concordância de todos e era raro a perda do tempo.

Em obras mais consistentes timbristicamente falando, como as sinfonias clássicas, existia um sujeito que ficava à frente do cravo, promovendo um sutil acompanhamento e ditando o tempo correto para todos os músicos. Eis que então era possível conhecer a partitura em forma de música.

A função do maestro é basicamente marcar o ritmo certo e equilibrar as dinâmicas indicadas, mas seu potencial expressivo é o que dá a uma determinada interpretação uma certa singularidade em relação à outra, podendo muitas vezes o ouvinte preferir ouvir uma obra com este ou aquele maestro, e não com outro."

texto retirado do site: http://www.mnemocine.com.br/filipe/maestro.htm