segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

UM MAESTRO PARA O PLANO DIRETOR DE JOINVILLE

O que um maestro tem haver com o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville? Aparentemente nada, mas os últimos acontecimentos, entrevistas dos gestores para o planejamento da cidade,  o atraso na regulamentação do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville aprovado em 2008, me fizeram ler um texto que explica a função do maestro numa orquestra e na leitura de uma partitura, levando-me a algumas reflexões a qual convido-os a pensar sobre o assunto.


"Diferentemente da literatura ou da pintura, onde o suporte já está pronto logo que o autor termina a obra para a apreciação pública, a música precisa, assim como o teatro, de uma fase intermediária, que transforma o papel escrito - no caso a partitura - em ação estética. No teatro, existe a facilidade de ser feito num código que a maioria domina, a língua, ainda que as traduções muitas vezes não sejam boas. Mas manifestado, pode ser inteligível a qualquer um. Já a música não partilha deste privilégio, uma vez que pouquíssimos conhecem realmente a linguagem musical escrita, e ela só pode, via de regra, ser apreciada em seu estado de arte, em outras palavras, manifestado fisicamente através da produção sonora.

Portanto, o leitor deve desconfiar que existe uma ponte entre a partitura - o que está escrito - e o que soa. Se todo o mundo soubesse ler música, talvez esse abismo não existisse, já que também não é necessário que se veja uma peça de teatro montada para saber como ela é - basta que se leia. O grande regente Herbert von Karajan disse: "...ninguém pode dizer que conhece uma partitura, por mais que a tenha na cabeça, antes de tê-la experimentado na orquestra".

Considerando então que esse abismo efetivamente existe até para os maiores músicos, nós, simples mortais, não temos outra saída senão ouvirmos uma obra segundo a interpretação de um fulano, e daí a importância deste fulano na representação desta obra. O crítico francês Bernard Gavoty certa vez disse, muito propriamente sobre isso: "O maior compositor do mundo, se não tiver um intérprete adequado, é como um homem impedido de falar por uma mordaça."

Portanto, o intérprete tem um papel absolutamente fundamental no plano de expressão da obra, pois a ele cabe "traduzir" um emaranhado de signos musicais escritos em sons audíveis e coerentes (considerando a competência prévia do compositor, obviamente). Como existem diferentes tipos de intérpretes, falarei sobre eles com mais detalhes na próxima parte, sobre o plano de formação timbrística.

O maestro

Para que um grande contingente instrumental siga rigorosamente o tempo rítmico, a dinâmica e o andamento indicado na partitura, é necessário um chefe que mantenha a ordem da orquestra, pois do contrário seria fácil cada músico perder a marcação do tempo em relação aos outros. Entra, então, a figura do maestro como gerenciador deste sistema.

A figura do maestro, nasceu justamente da necessidade de especializar um músico para que ele fosse responsável por providenciar o equilíbrio da massa orquestral que o romantismo desencadeou. A partir do romantismo, o maestro passou a ser um músico independente, um especialista num determinado tipo de função musical, justamente a de líder estético e burocrático de uma orquestra, não só pela aumento progressivo de seu tamanho - o que demandou uma especialização imediata - mas também pela subjetividade crescente com que as novas obras musicais eram compostas. Naquela época, como os conjuntos instrumentais eram pequenos, o equilíbrio se fazia por concordância de todos e era raro a perda do tempo.

Em obras mais consistentes timbristicamente falando, como as sinfonias clássicas, existia um sujeito que ficava à frente do cravo, promovendo um sutil acompanhamento e ditando o tempo correto para todos os músicos. Eis que então era possível conhecer a partitura em forma de música.

A função do maestro é basicamente marcar o ritmo certo e equilibrar as dinâmicas indicadas, mas seu potencial expressivo é o que dá a uma determinada interpretação uma certa singularidade em relação à outra, podendo muitas vezes o ouvinte preferir ouvir uma obra com este ou aquele maestro, e não com outro."

texto retirado do site: http://www.mnemocine.com.br/filipe/maestro.htm

Um comentário:

  1. É dificil imaginar uma orquestra dirigida por um surdo ou no minimo com um maestro com problemas constantes de audição.

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