sábado, 12 de junho de 2010

ESPAÇO RURAL, SEM TRANSIÇÃO

Joinville tem perdido um significativo espaço rural para atividades tipicamente urbanas por conta de várias formas de ocupação informal ou  por pressões oficiais que buscam, nestes territórios, a implantação de empreendimentos de grande porte, nitidamente pelo baixo custo da terra. Assim, o espaço rural perde qualidade e o vigor economico da atividade agrícola, bem como dos seus inúmeros predicados e riscos ambientais. Sucessivas invasões e a inexistência de um manejo equilibrado fazem deste território um alvo fácil. Especuladores de plantão e políticos destacam que estas áreas já não servem mais a atividades agrícolas e desprezam suas características geomorfológicas e ambientais. Este discurso leva a crer que estas áreas, se convertidas em espaços urbanizáveis, serão novos oasis da cidade, traduzidos por condomínios residenciais ou industriais, omitindo o custo desta transformação, sabendo apenas que a eles caberá grandes lucros e, à sociedade a conta dos prejuízos.

A questão está não apenas neste pressão. O mundo rural, que pouco é conhecido ou reconhecido pelos cidadãos, necessita de um novo modelo de desenvolvimento social e econômico, passando por redefinições que apontam para a necessidade de novas formas de ocupação do território e, de num novo modelo de emprego e geração de renda para seus habitantes inspirados na sustentabilidade.

Hoje, o trabalho rural é exercido em tempo parcial e a inserção de outras atividades para geração complementar de renda não é decorrente tão somente das transformações macro-estruturais na agricultura, tendo muito haver com a histórica omissão para uma política municipal voltada a agricultura e a preservação dos recursos naturais. É comum para as famílias que habitam no espaço rural o exercício de várias atividades dentro de uma mesma propriedade agrícola, dentre elas atividades não-agrícolas,  uma característica atual que pode ser atribuída à dinâmica do mercado de trabalho muito próxima das propriedades. O empobrecimento das atividades agrícolas  também leva as famílias à venda da terra, gerando loteamentos irregulares que se transformam em núcleos residencias com carcaterísticas e demandas urbanas.

Existe uma relação muito evidente, em Joinville, nos processos de expansão urbano/imobiliária/industrial com o crescimento de atividades não-agrícolas nos espaços rurais. Regiões rurais como Pirabeiraba, Rio Bonito e Vila Nova, mudaram suas características na medida em que se aproximaram ou se vincularam aos pólos industriais. Mais recentemente, a disponibilidade de infra-estruturas, como a Rodovia do Arroz, anima setores imobiliários a criarem condomínios residenciais ou industriais em seu entorno, expulsando definitivamente a atividade da rizicultura no município.

Esses fenômenos protagonizadas pela especulação imobiliária, acaba por pressupor um conjunto de infra-estruturas urbanas  (asfalto, água, luz, policiamento, transporte coletivo), como motivadores a mudança do status de ocupação, de rural para urbana, sem a menor preocupação com aspectos sustentáveis ou de equilíbrio entre as estruturas sociais urbano/rurais.

Diversos fatores conjugados são argumentos que contribuem para entender que não existe sucesso de equilíbrio em áreas de transição rural-urbana,  porque a força da especulação no preço da terra passa a levar a agricultura  numa participação cada vez menor na economia local, ampliando o tempo parcial das famílias, a relevância da pluriatividade na estrutura do emprego e da ocupação nas famílias que ali residem. 

As estratégias para as áreas que fazem divisa com o espaço urbano apontam portanto para a importância da pluriatividade e, podem ser um dos pontos estratégicos a permanência do espaço rural em áreas de transição rural-urbana.

É fundamental a manutenção do espaço rural para a preservação da diversidade ambiental desses locais. Alterá-lo para uma zona de transição com usos mistos, mesmo que residenciais, significa torná-lo urbano e, neste caso,  passa a ser remota a possibilidade do compartilhamento de usos e atividades de forma equilibrada. 

É necessário sepultar esta idéia de zonas de transição urbana/rural, sob o risco de condenar áreas frágeis, ambientalmente importantes e estruturalmente necessárias ao desenvolvimento humano, a ser converterem em manaciais da especulação imobiliária e projetos oficiais extremamente duvidosos, senão perigosos.

Portanto, há que se estudar um modelo sócio-econômico e espacial que mantenha o valor da terra rural, não pelo custo do metro quadrado, mas como um patrimônio da sociedade no equilíbrio ambiental do município, significando ser um dos mais importantes pilares do desenvolvimento sustentável.

FEIJÃO & DOAÇÃO

O Valor da Crítica Sensata

A crítica sensata traz em si o poder sublime de construir, de impulsionar para frente, no caminho certo, todas as idéias, todos os atos humanos.

É preciso,porém que esta crítica seja sensata e franca, que não se oculte em esquinas escuras, a espera de um momento de distração, para atacar. Não: Ë preciso que seja precisa, de frente a luz do dia, para para que possa guardar em si o seu sentido verdadeiro, mostrar a todos a sua sinceridade e sensatez e sua razão de ser. Só assim, a crítica constrói.

A sensatez da crítica, porém, está apoiada, sobre tudo, na sinceridade, no critério e na intenção do crítico em mostrar os erros que realmente existiam - pelo menos para ele - pois todos nós podemos errar - é humano.

Ressentimento pessoal algum deverá entrar em linha de conta, pois qualquer emoção, boa ou má, como o amor e a amizade, o rancor e a antipatia, tingirá de mentira destruirá o valor da verdadeira crítica - da crítica construtiva, da crítica sensata.

Magno Matheus Da Rocha