sábado, 2 de abril de 2011

BALNEÁRIO CAMBORIÚ NA MAIOR IDADE

 

 Balneário Camboriú não é certamente antiga, rica em história ou monumental como outras cidades litorâneas brasileiras, mas é sem dúvida uma cidade que vem se sofisticando, se tornando cada vez mais e mais cosmopolita, que se reinventa e que deixa de ser sazonal, sendo este o ponto que certamente consegue ser superior às suas eventuais rivais.

Balneário Camboriú vem se tornando um dos mais sofisticados centros de compras do Brasil e,  pode-se dizer que a Avenida Brasil é um dos maiores shoppings centers a céu aberto do mundo.

A gastronomia é outro ponto alto da cidade, certamente a cidade que maiores opções oferece no Estado, uma afirmação que pode ser constatada a cada esquina, a cada verão, quando novas e novas opções se apresentam.

Cada vez mais a cidade se especializa, embora ainda adolescente, se renova numa atmosfera e glamour e elegância, muitas vezes a beira da ostentação exagerada dos "novos ricos" que por ali aportam.

Nas zonas residenciais da cidade, especialmente à beira mar, se perfilam edifícios sempre mais sofisticados de nomes sonantes, com um duvidoso bom gosto, mas que acabam sendo um ponto de vista e visita obrigatória. E mesmo que não se possa morar neles (os preços são verdadeiramente proibitivos para a maioria das pessoas), vale à pena observar e respirar a aura de luxo, elegância e sofisticação.

Mas para além da praia, das lojas, dos restaurantes, dos prédios de luxo e das pessoas deslumbrantes fazendo seu footing, Balneário Camboriú oferece ainda ao visitante e morador inúmeras outras oportunidades de vivência.

Algumas boas alternativas de passeio e entretenimento, como o Molhe da Barra Sul, que já foi mercado de peixe, ponto de trafico de drogas e das baladas noturnas, hoje é o lugar do passeio familiar.

O Unipraias une um fantástico passeio de teleférico às caminhadas ecológicas e aventuras radicais. Passear pela interpraias da zona sul, que liga a comunidade da Barra até a praia do Estaleirinho, oferece uma sequencia de cartões postais, ótimas opções de hospedagem (a cidade, embora disponha de muitos hoteis ainda carece de uma rede hoteleira de alto nível), restaurantes sofisticados, praias para todos os gostos, inclusive a mais famosa, a praia do Pinho, local adorado pelos naturistas.

Podemos ainda dar uma caminhada pelo deck do costão da Barra Norte, ir ao Cristo Luz ou dar uma esticada até a Praia Brava, já em Itajaí.

E as notícias mais recentes dizem que até o final de 2011 o calçadão da central vai ser remodelado, coberto, iluminado, virando uma espécie de Galeria Vitório Emmanuelle local; a travessia da Barra Sul para a Barra vai ganhar um sofisticado sistema de elevadores e passarela; a Barra vai ter um mercado de peixe estruturado para atender os consumidores com petisqueiras e barzinhos; lá também está projetada uma vila açoriana que de forma temática deverá levar um novo movimento àquela comunidade, sem descaracterizar suas raízes; O teatro também está em obras e, embora pequeno, é garantia de uma agenda de eventos ao longo do ano, para todos os gostos.

Enfim, Balneário Camboriú entra na maior idade com maiores responsabilidades, pois se as novas atrações que estão chegando irão aumentar o número de visitantes, é necessário torná-la uma cidade mais responsável ambientalmente, voltando suas diretrizes para a sustentabilidade, um desafio paradoxal para quem deixou a verticalização passar dos limites.

É necessário ampliar as áreas verdes, limitar o trânsito de automóveis, dotar a cidade de um sistema de transporte público modelar, liberar mais áreas aos pedestres, implantar redes de ciclovias, arborizar, arborizar, arborizar, recuperar a praia para que ela seja também uma faixa de proteção além do local de veraneio e, buscar atratividades àqueles que moram e trabalham para que toda esta complexa estrutura funcione direito.

Por fim, quem gosta de cidades cosmopolitas, esqueça os boatos, vá para lá entre o outono e a primavera na certeza de encontar uma cidade agradável, especialmente para quem, como eu, não suporta gente amontoada, filas ou baladas e, apaixone-se por Balneário Camboriú!



SOU COSMOPOLITA


"Por que usar passaportes? Para que são as restrições migratorias? Por que não deixar que os humanos vão aonde queiram, ao Polo Norte ou ao Polo Sul; a Rússia, a Turquía, aos Estados Unidos ou a Bolivia? Os humanos devem estar controlados. Não podem voar como insetos pelo mundo a que foram lançados sem seu consentimento. Deve controla-los por meio de passaportes, impressões digitais e restrições. Por que razão ? Só para mostrar a onipotência do Estado e dos grandes sagrados servos do Estado, os burocratas." 

Bruno Traven em "O Barco da Morte"

quarta-feira, 30 de março de 2011

VLT - TRANSPORTE & PAISAGISMO URBANO

Embora não seja exatamente inovadora a idéia de combinar paisagismo e transporte público, eu tenho verdadeira fascinação em observar os bondes europeus modernos, que aqui chamamos de VLTs, deslizando em leitos de grama.

De Paris a Barcelona, República Checa, Marselha, Frankfurt, St-Étienne ou Strasbourg, esses modelos de transporte público, ecologicamente corretos, estão mostrando um fantástico potencial de incorporação ao paisagismo na concepção do espaço urbano.

Assim como os telhados verdes, corredores de bondes vêm sendo implantados com largas faixas de gramado que fornecem uma série de benefícios para qualquer área urbana como a permeabilidade à água de chuva, redução do efeito de ilha de calor, redução de poluição, sem mencionar que a solução é muito mais atraente e bonita do que o concreto ou asfalto.

Sonho em ver algum dia Joinville alinhar-se a esta solução de transporte urbano, embora alguns personagens desta provincia se recusem a olhar esta solução como a mais inteligente.

O Monocle Magazine ao citar 25 exemplos de bom Urbanismo, afirma: "Há algo completamente mágico na observação dos bondes em Barcelona, Strasbourg ou Frankfurt deslizando silenciosamente ao longo de leitos de grama fazendo seu circuito na cidade. Sempre que possível, esta combinação atrativa de transporte público eficiente e paisagismo inspirado deve ser padrão como parte do tecido urbano"

Quem sabe algum dia...

APAGÃO URBANO

Eu acho que estamos entrando num Apagão Urbano. Mas faço algumas indagações: Será que de repente, num piscar de olhos, a cidade deixou de funcionar, assim, sem mais nem menos? Só agora foi possível constatar que diversos pontos espalhados pela cidade têm problemas dos mais diversos níveis? Será que são recentes os problemas administrativos e estruturais da administração municipal? O que estará por trás deste paquiderme chamado Prefeitura Municipal de Joinville?

São tantas as perguntas que poderia ficar aqui por muito tempo a enumera-las, somente as minhas, sem levar em consideração as dos outros.

Vou ao básico. O apagão urbano a que me refiro, começou a se delinear faz alguns anos e seguiu agravando-se, ou melhor, dizendo, passou a acumular problemas sem respostas eficazes especialmente quando entrou o coronelismo que privilegiou os interesses de poucos abandonando os planos estruturais. Os problemas foram se avolumando por conta das poucas respostas práticas e passamos a viver um período ascendente de propaganda fantasiosa, uma espécie de make up político institucional, lastreados na mídia oficial que passou a produzir efeitos especiais positivos, embora a realidade fosse controversa.

Passamos a alicerçar as ações em frases emblemáticas, com inúmeros superlativos fantasiosos elaborados por uma bem remunerada mídia oficial que se especializou em fazer apologias aos governos e governantes, abafando os críticos e descontentes. Abrir o bico e falar das reais condições da cidade passou a ser tratado como perjúrio, pecado, afronta e, como último recurso, motivação política. As reais necessidades, as adversidades vieram a ser ofuscadas e colocadas "debaixo do pano", fazendo parecer que a cidade nada carecia ou carece.

Os problemas que agora vem acontecendo não são de hoje e, só agora vem sendo revelados fazendo parecer que a responsabilidade está unicamente depositada no atual governo. Ao longo destes últimos anos aplicou-se muito dinheiro público em bobagens onde se incluem 36 pianos vindos da Rússia, quando o Hospital São José não dispunha de remédios nem macas. Enquanto faltava dinheiro para necessidades mais simples, gastavam-se milhões em viagens para o exterior. Colocamos dinheiro público num aeroporto sem que o aparelho chamado "ILS", tivesse vindo junto. Compramos o carro e não tínhamos a gasolina para fazê-lo andar.

Joinville está muito abaixo da capacidade real em atender a população que abriga. Sua infraestrutura é antiga e está subdimensionada, a saúde está em grandes dificuldades, o transporte urbano não é eficiente e é muito caro, a insegurança social é latente, não há saneamento básico estruturado e outras tantas necessidades se avolumam. As pessoas que se propuseram administrar a cidade pensam apenas nos interesses próprios, politiqueiros, onde o ego é maior que a humildade e a responsabilidade e pouco se preocupam com a real qualidade de vida da população.

Gastamos milhões de reais num estádio e nossos hospitais encontram-se em colapso. Gastamos milhões de reais numa pretensa arena de eventos e nossas escolas foram fechadas pela vigilância sanitária. As companhias municipais preocupam-se apenas com seus balanços, mas o atendimento ao cliente é péssimo. O sistema de transporte é falho e caro e os concessionários e o governo fazem de conta que os problemas não existem.

Isto tudo é uma vergonha e uma grande mentira. Os cidadãos, os trabalhadores, os empreendedores locais são os verdadeiros heróis, pois mesmo sem uma politica urbana que apoie o desenvolvimento equilibrado e planejado, seguem a construir, sem rumo é verdade, a cidade que é a maior economia do Estado. Os problemas enfrentados no cotidiano de cada um dos joinvillenses quase nunca são relatados ou colocados a público, pois me perece que nos resignamos.

Ora, na mão de quem esta a responsabilidade de centenas de milhares de vidas que aqui residem? Quem foi que se propôs a resolver os mais agudos problemas da cidade? Quem foram os responsáveis que deixaram a cidade nesta condição quase insustentável e caótica.

Governos têm sido muito eficientes em gastar muito dinheiro com as mazelas de cargos para apadrinhados, pessoas sem capacidade, viagens, bobagens, propaganda, festinhas, reuniõezinhas, recepções e outras coisas inúteis e se colocam incapazes de resolver um buraco na rua. Com desperdício das mazelas seria possível construir uma escola por mês, por exemplo.

Finalmente, todos os que chegam ao comando da Prefeitura de Joinville reclamam que não tem recursos, que estão pagando dívidas dos anteriores, que não podem atender a todos os problemas, que não são os responsáveis pelos problemas ou que são mal compreendidos. No entanto, ainda não vi nenhum deles querer largar o osso.

JOINVILLE - TETO ZERO

 

“Mínimos Operacionais” são os limites de usabilidade de um aeródromo de acordo com o tipo de procedimento relativos ao alcance visual da pista e/ou condições de nebulosidade. Ontem, eu e mais 89 pessoas fomos parar em outro aeroporto que não o destino programado – Joinville. Motivo? O aeroporto estava abaixo dos mínimos operacionais, fomos então parar em Navegantes, algo bastante comum desde que este aeroporto foi construído. Há muito não usava Joinville como saída e retorno de viagens aéreas pela falta de confiabilidade, atrasos, cancelamentos e pousos em outras cidades. O problema é que a BR 376 impede uma viagem normal (1:15 hs.) até o aeroporto de São José dos Pinhais/Curitiba.


Ontem, levei 29 minutos nos 14 km que separam minha casa do aeroporto mas, para chegar em tempo, fui usando trajetos alternativos, caso contrário levaria alguns bons minutos a mais. Logo, não apenas os "mínimos operacionais" nos impedem de ter regularidade nas viagens aéreas, temos também que administrar os mínimos operacionais urbanos, que nos impedem de chegar com fluidez ao aeroporto.

Para resolver o problema da inconstância meteorológica de alguns aeroportos, por necessidades de segurança e regularidade operacional, foram projetados  equipamentes de alta tecnologia em navegação de pouso e decolagens, dentre os quais está o ILS - Instrument Landing System.


A pergunta que fica é: o ILS resolverá o problema de ontem com "mínimos operacionais" muito restritivos? Certamente não, pois ontem a condição de visibilidade era inferior a 600 metros e o teto de 400 metros. Esta condição nos exigiria dotar o aeroporto de Joinville  com um ILS na categoria CAT II, reservados apenas aos aeroportos internacionais do país, que operam com mínimos de 400 m de visibilidade e teto de 300 metros. 

O ILS operado na categoria CAT II pode melhorar a regularidade de pousos e decolagem no aeroporto de Joinville, mas não irá resolver a recorrência meteorológica, quase sempre abaixo dos mínimos do CAT I ou, quase sempre nos padrões de "teto zero". Já os mínimos operacionais urbanos estão sem projeto.

Uma visão menos bairrista e com maior práticidade poderia nos levar a negociar com as empresas de aviação um sistema regular de transporte ao aeroporto de Curitiba, mais confiável e com maior diversificação de destinos e conexões, assim como hoje são atendidos os passageiros de Blumenau e Balneário Camboriú, que utilizam o aeroporto de Navegantes, funcionando muito bem e eficientemente. 

Enquanto isto, esperamos pacientemente a vinda do ILS (o equipamento desejado), o aumento da pista (há muito prometida), a implantação de pátios (recentemente anunciada), a ampliação daquela ridícula e desconfortável sala de embarque (mal projetada), a ampliação do estacionamento (mal dimensionada), etc, etc, etc.
 
Poderíamos ainda incluir a duplicação da Av. Santos Dumont, mas aí já é pedir demais.....



segunda-feira, 28 de março de 2011

GREAT CITY


Hoje me inscrevi, como um curioso já que não resido nos EUA, ao Great City, uma organização em favor de estratégias urbanas que acredita  num urbanismo inteligente e responsável como a solução para muitos dos nossos desafios sociais, econômicos e ambientais.

O grupo propõe envolver e capacitar grupos de vizinhança, desenvolvendo e defendendo a chave das estratégias urbanas - Ruas para as Pessoas, Liderança de Bairros e Infraestrutura Verde).

De forma permanente, mensalente a organização reune profissionais do setor público e privado e os cidadãos para discutir, criticar e propor os projetos e processos em curso na cidade.

Talvez seja o tempo de pensar em criar um Great City para Joinville.