quarta-feira, 30 de março de 2011

APAGÃO URBANO

Eu acho que estamos entrando num Apagão Urbano. Mas faço algumas indagações: Será que de repente, num piscar de olhos, a cidade deixou de funcionar, assim, sem mais nem menos? Só agora foi possível constatar que diversos pontos espalhados pela cidade têm problemas dos mais diversos níveis? Será que são recentes os problemas administrativos e estruturais da administração municipal? O que estará por trás deste paquiderme chamado Prefeitura Municipal de Joinville?

São tantas as perguntas que poderia ficar aqui por muito tempo a enumera-las, somente as minhas, sem levar em consideração as dos outros.

Vou ao básico. O apagão urbano a que me refiro, começou a se delinear faz alguns anos e seguiu agravando-se, ou melhor, dizendo, passou a acumular problemas sem respostas eficazes especialmente quando entrou o coronelismo que privilegiou os interesses de poucos abandonando os planos estruturais. Os problemas foram se avolumando por conta das poucas respostas práticas e passamos a viver um período ascendente de propaganda fantasiosa, uma espécie de make up político institucional, lastreados na mídia oficial que passou a produzir efeitos especiais positivos, embora a realidade fosse controversa.

Passamos a alicerçar as ações em frases emblemáticas, com inúmeros superlativos fantasiosos elaborados por uma bem remunerada mídia oficial que se especializou em fazer apologias aos governos e governantes, abafando os críticos e descontentes. Abrir o bico e falar das reais condições da cidade passou a ser tratado como perjúrio, pecado, afronta e, como último recurso, motivação política. As reais necessidades, as adversidades vieram a ser ofuscadas e colocadas "debaixo do pano", fazendo parecer que a cidade nada carecia ou carece.

Os problemas que agora vem acontecendo não são de hoje e, só agora vem sendo revelados fazendo parecer que a responsabilidade está unicamente depositada no atual governo. Ao longo destes últimos anos aplicou-se muito dinheiro público em bobagens onde se incluem 36 pianos vindos da Rússia, quando o Hospital São José não dispunha de remédios nem macas. Enquanto faltava dinheiro para necessidades mais simples, gastavam-se milhões em viagens para o exterior. Colocamos dinheiro público num aeroporto sem que o aparelho chamado "ILS", tivesse vindo junto. Compramos o carro e não tínhamos a gasolina para fazê-lo andar.

Joinville está muito abaixo da capacidade real em atender a população que abriga. Sua infraestrutura é antiga e está subdimensionada, a saúde está em grandes dificuldades, o transporte urbano não é eficiente e é muito caro, a insegurança social é latente, não há saneamento básico estruturado e outras tantas necessidades se avolumam. As pessoas que se propuseram administrar a cidade pensam apenas nos interesses próprios, politiqueiros, onde o ego é maior que a humildade e a responsabilidade e pouco se preocupam com a real qualidade de vida da população.

Gastamos milhões de reais num estádio e nossos hospitais encontram-se em colapso. Gastamos milhões de reais numa pretensa arena de eventos e nossas escolas foram fechadas pela vigilância sanitária. As companhias municipais preocupam-se apenas com seus balanços, mas o atendimento ao cliente é péssimo. O sistema de transporte é falho e caro e os concessionários e o governo fazem de conta que os problemas não existem.

Isto tudo é uma vergonha e uma grande mentira. Os cidadãos, os trabalhadores, os empreendedores locais são os verdadeiros heróis, pois mesmo sem uma politica urbana que apoie o desenvolvimento equilibrado e planejado, seguem a construir, sem rumo é verdade, a cidade que é a maior economia do Estado. Os problemas enfrentados no cotidiano de cada um dos joinvillenses quase nunca são relatados ou colocados a público, pois me perece que nos resignamos.

Ora, na mão de quem esta a responsabilidade de centenas de milhares de vidas que aqui residem? Quem foi que se propôs a resolver os mais agudos problemas da cidade? Quem foram os responsáveis que deixaram a cidade nesta condição quase insustentável e caótica.

Governos têm sido muito eficientes em gastar muito dinheiro com as mazelas de cargos para apadrinhados, pessoas sem capacidade, viagens, bobagens, propaganda, festinhas, reuniõezinhas, recepções e outras coisas inúteis e se colocam incapazes de resolver um buraco na rua. Com desperdício das mazelas seria possível construir uma escola por mês, por exemplo.

Finalmente, todos os que chegam ao comando da Prefeitura de Joinville reclamam que não tem recursos, que estão pagando dívidas dos anteriores, que não podem atender a todos os problemas, que não são os responsáveis pelos problemas ou que são mal compreendidos. No entanto, ainda não vi nenhum deles querer largar o osso.

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