sexta-feira, 6 de agosto de 2010

BELEZA E QUALIDADE

*Artigo publicado originalmente no O Globo de 24/07/2010

Ao sobrevoarmos São Paulo nos impressiona a massa infinita de altos edifícios. Em Belo Horizonte ou Curitiba temos modelo semelhante, embora menos radical. Nessas cidades, o edifício alto é hegemônico na definição da imagem urbana.

Em A arquitetura da cidade, o professor italiano Aldo Rossi avalia que as cidades são constituídas por um tecido urbano genérico que é pontuado por edificações excepcionais, as quais ajudam a compor a identidade coletiva. É o modelo de Paris: o tecido é constituído por edificações com seis andares. Em pontos especiais, reforçados pelos bulevares, se localizam edifícios que se caracterizam pela qualidade, uso ou significado, não necessariamente por tamanho e altura.

Nova York é outro caso de interesse. Seus arranha céus se organizam entre ruas e avenidas, as quais constituem também a imagem ambiental da cidade. O traçado do espaço público não submerge aos altos edifícios.

Esses exemplos evidenciam a diversidade na conformação das cidades e o desempenho das edificações no reconhecimento coletivo.

No Rio, a simbiose entre geografia e arquitetura define a multiplicidade morfológica que caracteriza a cidade. Os indivíduos arquitetônicos não são mandatários do ambiente construído. Não há uma imagem arquitetônica prevalecente. O conjunto, cada conjunto urbano, é o principal agente. Talvez por isso é que os cariocas dos anos setenta tenham atendido ao chamado de Millôr Fernandes e do “Pasquim” no combate ao “espigão”, invasor da escala.

No Rio, os edifícios que embasam a identidade cidadã sabem se inserir na ambiência, têm capacidade de se compor com as preexistências. São obras primas de interesse coletivo, como o Outeiro da Glória, Teatro Municipal, igreja da Penha, Central do Brasil, Maracanã, Museu de Arte Moderna, e, com liberdade de interpretação, o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Lagoa.

Não obstante, ao intervir na cidade, quiçá definitivamente, a obra de arquitetura não é banal. Pequena que seja, sempre é de interesse coletivo. Ela compõe a complexidade do ambiente urbano. Na Cidade Maravilhosa, cada obra há de aspirar corresponder ao ambiente excepcional que a acolhe.

Os arquitetos defendem a escolha dos projetos de obras públicas por concurso. Não será uma opção corporativa, pois implica em uma participação muito maior e mais custosa do conjunto dos profissionais que se habilitam. Certamente, é o reconhecimento da responsabilidade social que a arquitetura retém.

Foram escolhidas por concurso obras-primas como o Monumento aos Pracinhas (arquitetos Marcos Konder e Hélio Ribas Marinho) e o Aeroporto Santos Dumont (arquitetos MM Roberto). Mas, também, são obras-primas outras em que a escolha não o foi por concurso, como o Museu de Arte Moderna (Afonso Reidy) e o Aterro do Flamengo (Burle Marx).

Agora, o Rio terá o Museu do Amanhã, projeto do espanhol Santiago Calatrava. O arquiteto é reconhecidamente competente, seu estudo preliminar tem características excelentes. Precisa ser bem construído, a exemplo da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, de autoria do português Siza Vieira, obra de altíssima qualidade. Não diria o mesmo da Cidade da Música, de Portzamparc. Sugere que o arquiteto francêsficou sem interlocução, levando-o ao exagero programático e projetual.

Por que Calatrava, Siza, Portzamparc, fazem obras tão qualificadoras? Porque são talentosos e em seus países se exercita a cultura arquitetônica — onde, em geral, os projetos úblicos são escolhidos por concurso.

Obras de alta qualidade são fruto dos projetistas, mas igualmente dos seus clientes, atentos à cultura. Nesse particular o concurso é modalidade imbatível, ao reduzir a discricionariedade dos agentes detentores das decisões, nem sempre dedicados à melhor escolha.

No Rio, sendo o espaço coletivo o cerne da ambiência, a qualidade das obras de interesse coletivo é fundamental. Não dá para perder oportunidades, como, infelizmente, constato em ponte ferroviária e outra peatonal construídas recentemente na avenida Presidente Vargas.

Com a Copa de 2014 e com a Olimpíada de 2016 se multiplicarão as possibilidades: novas infra-estruturas — avenidas, passarelas, estações —, vilas residenciais, equipamentos esportivos, edifícios de escritórios, hotéis, a reforma do aeroporto (como será o novo Galeão? Será capaz de mitigar sua atual mediocridade?).

Construir é importante, mas não basta. O carioca merece a garantia de que cada nova obra esteja em sintonia com a beleza e a qualidade do espaço de sua cidade. Não será inédito: é a sua própria experiência de rica arquitetura, a do bom edifício e do bom ambiente urbano, justamente como foi feita a Cidade Maravilhosa.

Sérgio Magalhães é arquiteto.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ARBORIZAÇÃO URBANA EM DEBATE - JOINVILLE

A recente discussão em torno da retirada das figueiras na Avenida Hermann Lepper (Beira Rio), as podas das árvores realizadas sem critério pela CELESC e a retirada de árvores na rua XV por conta da reurbanização em Joinville(SC), fez com que viesse à tona um assunto muito importante para quem vive nas cidades, que é a necessidade da arborização urbana. Reproduzo um texto elaborado pela pedagoga Miriam Prochnow em que o assunto toma a mesma dimensão na cidade de Rio do Sul(SC).

Arborização urbana é o conjunto de árvores e arbustos existentes no perímetro urbano de uma cidade, seja em terras públicas ou particulares, que cumprem diversas funções dentro da paisagem, principalmente regulando o microclima das cidades. As áreas de preservação permanente são especialmente importantes, principalmente as margens de rios e as encostas dos morros. Além disso é fundamental observar um bom planejamento para a arborização.

Infelizmente a realidade de nossas cidades não é bem assim. No Brasil, as estimativas mostram que 70% da população vive nos centros urbanos. Com o crescimento das cidades, sem planejamento, as áreas verdes foram substituídas pelas construções e os centros urbanos são hoje caracterizados pela pavimentação e construções, que o impermeabilizam. O município de Rio do Sul não foge à regra.

Os materiais utilizados são vidros, cerâmicas, ferro, asfalto e concreto, que absorvem os raios solares, tornando as cidades muito quentes durante o dia. Além da substituição das áreas verdes pelas construções, há ainda a poluição atmosférica, a hídrica, a visual e a sonora, que torna a qualidade de vida nos centros urbanos, pior do que em ambientes naturais.

Nas áreas construídas a água não penetra no solo, resultando em regiões de baixa umidade relativa do ar. Sem árvores, o clima do centro das cidades se torna bastante árido. As construções, o tráfego intenso de veículos, a queima de combustíveis, madeira e carvão, lançados por pequenas e grandes chaminés, são fontes de poeira e fumaça que continuamente poluem o ar e podem causar doenças.

Por que arborizar?

As plantas proporcionam conforto ambiental, porque interceptam, absorvem e refletem os raios solares. As áreas bem arborizadas apresentam temperaturas mais estáveis e em geral mais frescas. Além disso, podem ser plantadas árvores frutíferas, cujos frutos atraem pássaros. Os pássaros ajudam a espalhar as sementes que produzem novas plantas e ajudam no controle biológico dos insetos.

As árvores são como bombas hidráulicas que, usando as suas raízes, trazem a água do subsolo para a atmosfera. Elas refrescam e tornam a umidade relativa do ar mais apropriada para os seres humanos.

Praças, ruas e residências bem arborizadas, contribuem para a retenção de materiais poluentes. Quando o ar poluído passa pela copa das árvores, diminui a velocidade, permitindo a deposição das partículas sobre a superfície das folhas. Outra vantagem é que as folhas das árvores absorvem gases tóxicos como o dióxido de enxofre e de carbono.

Os benefícios sociais da arborização urbana são uma conseqüência natural. O equilíbrio climático e o controle da poluição não são os únicos resultados, uma boa arborização também ajuda a saúde física e mental da população. O paisagismo bem feito aumenta também o valor das propriedades, pelo conforto e beleza, gerando benefícios na área turística. Felizmente já temos no Brasil alguns exemplos de cidades que estão beneficiando muito pelo fato de terem uma boa arborização associada a um belo paisagismo. Praças e parques arborizados são espaços que convidam e atraem as pessoas para momentos de lazer, descanso e reflexão. Segundo a Associação Brasileira de Arborização Urbana o índice ideal de áreas verdes nas cidades é de 15 m2 por habitante.

Texto: Miriam Prochnow - Pedagoda, Especialista em Ecologia

O CEAJ - Centro de Engenheiros e Arquitetos de Joinville juntamente com outras instituições e profissionais entraram nesta discussão em torno da derrubada das árvores da Beira Rio e Rua XV de Novembro, manifestando-se contrário a poda e retirada de árvores sem qualquer critério ou antes que o município tenha um Plano de Arborização. Este debate começa a ter frutos quando a FUNDEMA, órgão responsavel pela manutenção da arborização promove um debate sobre o assunto estabelecendo um ponto de partida para a o debate e proposição de um amplo programa de arborização na cidade, para o bem da qualidade de vida de todos os habitantes de Joinville.

FALTAM 20 DIAS PARA A SOEAA

Estamos a 20 dias da 67ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (Soeaa) e do 7º Congresso Nacional de Profissionais (CNP), que serão realizados em Cuiabá (MT). Nesses eventos queremos fazer uma análise do cenário mundial para os próximos 10/12 anos. Vamos debater com especialistas e a expectativa é muito positiva.

Para esse ano, existem projeções de crescimento da economia brasileira da ordem de 7%. Para os próximos, há perspectivas de que podemos estar entre as cinco maiores economias do mundo. Precisamos, então, discutir as ações necessárias em termos de formação profissional e educacional e de infraestrutura, para viabilizarmos essa perspectiva.

Esse é um dos objetivos da 67ª Soeaa, que vai apresentar aos candidatos à Presidência da República uma série de propostas para seus programas de governo, abordando temas essenciais para o desenvolvimento sustentável brasileiro, como energia, transportes, habitação, mobilidade, saneamento, meio ambiente, recursos hídricos educação e outros. Da mesma forma, queremos ouvir suas visões sobre as medidas de curto, médio e longo prazo que possam viabilizar esse crescimento.

É preciso que as categorias se mobilizem junto com a sociedade para construirmos um planejamento próprio e não apenas acatarmos programas de candidatos ou de eleitos. A sociedade precisa se organizar de tal maneira que, independentemente do rodízio entre partidos e políticos, saiba para onde quer ir. E aí, cada engenheiro, arquiteto, agrônomo, geógrafo, geólogo, meteorologista, técnico ou tecnólogo tem um papel importante a desempenhar na sua comunidade e é isso que queremos com a mobilização de todos.

Nesse sentido, no CNP iremos debater propostas para o sistema profissional provenientes de uma grande mobilização que envolveu cerca de 560 pré-eventos em todo o país. Ao todo, os 27 congressos estaduais geraram 557 propostas que foram reduzidas a 100, de âmbito nacional: 55 incluídas nos cinco eixos temáticos pré-estabelecidos e 45 que não foram claramente identificadas com esses eixos. Há propostas realmente inovadoras, que refletem o objetivo de construirmos uma agenda estratégica com a visão do sistema profissional em 2022.

Contamos com sua participação nesse mês, do dia 22 a 25, em Cuiabá!


Marcos Túlio de Melo
Presidente do Confea

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ESTE É O BRASIL QUE NÓS FIZEMOS...

O Brasil é um páis que tem muitas curiosidades, muitas delas deveriam nos envergonhar. Porém parece que convivemos com muitos absurdos sem qualquer sentimento de responsabilidade ou culpa. Enfim, nossa responsabilidade foi colocar os políticos que fazem deste país um paraíso de corrupção e impunidades através do nosso voto. Faça uma valiação dos políticos em que você já votou para saber em quantos escandalos ele já foi envolvido ou esta citado. Faça algumas consultas para obter informações sobre o carater e a vida da pessoa em que você votou, se ele mudou sua condição de vida e se ele apenas aparece em época de eleição.

Procure saber como o seu, o meu, o nosso voto serviu para que os políticos eleitos se beneficiem do cargo no qual ele deveria tarbalahra pelo nosso país, mas apenass cuidou dos seus interesses e daqueles que o certcam, assaltando os cofres públicos como podemos constatar pelas informações que seguem:

  • Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel, do que um oficial da marinha para comandar uma fragata;
  • Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa, do que um oficial da Força Aérea que pilota um caça supersônico;
  • Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda um regimento de blindados;
  • Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro de um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional;
  • Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.
  • Um barbeiro do Senado ganha duas vezes mais do que o um médico especialista com dedicação integral em hospital público.
Isto é apenas um pequena amostra dos absurdos que acontecem no Brasil, não apenas no âmbito do Congresso Nacional, mas também nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores.

Foi o nosso voto que permitiu estes abusos e absurdos, este mesmo voto que pode mudar um país eliminando as desigualdades sociais e as injustiças. O votoé o principal instrumento para iniciar o extermínio da corrupção, do crime, da impunidade, dos mensalões, dos políticos ladrões que se espalham por este país.


  • VOTE CERTO E COM CONSCIÊNCIA.

  • PROCURE INFORMAÇÕES ANTES DE DECIDIR SEU VOTO;

  • PROCURE SABER SE O CANDIDATO ESCOLHIDO É HONESTO, NÃO TEM PROCESSOS NA JUSTIÇA, NUNCA FOI CONDENADO OU ENRIQUECEU ILICITAMENTE;

  • NÃO VOTE POR INSTINTO OU INDICAÇÃO;

  • NÃO JOGUE SEU VOTO NO LIXO, POIS O PAÍS E VOCÊ IRÃO PARAR NO MESMO LUGAR.