sábado, 10 de julho de 2010

SIMPLES COMPARAÇÕES

 
 

X SALADA


Há algum tempo atrás gostava de sair com a família, especialmente aos finais de domingo, para comer um X salada, aquele sanduiche que fez grande sucesso nas décadas de 70 e 80.

Naquela época os lanches eram mais saborosos charmoso e divertidos de comer. Eram produzidos nos carrinhos de lanche, que de tão famosos criaram pontos ou referências conhecidas por quase todos os joinvillenses, sempre marcados pelos ótimos sanduíches que começavam pelo X burger passando pelo famoso X salda, X galinha, X bacon, X dog, Xt udo e, aquele que sintetizava uma referência do local onde era vendido, o X defunto.
Cada carrinho de lanche criava sua clientela fiel baseada na qualidade, no tamanho, na presteza do atendimento ou pelo local, que permitia estacionar e degustar o lanche dentro do carro, entre beijinhos e amassos.
Agora, fomos invadidos pelos “fastfoods” e “drivetrues” que nos empurram lanches pré-fabricados feitos de pães fabricados há 500 km daqui, hambúrgueres e recheios pesados e cobrados em gramas, sintéticos sem gosto, cujo tempero é acidulantes, conservantes, corantes, estabilizantes, antioxidantes e sabores artificialmente produzidos. É a massificação do consumo, de produtos indigestos e prejudiciais a saúde que produzem lucros exorbitantes, quase sempre remetidos ao exterior.
Que saudade daquele pão macio aquecido na chapa, recheado com um hambúrguer feito de pura carne e tempero próprio, coberto por uma ou duas fatias de puro queijo mussarela, derretida no ponto certo, coberto por alface e tomate fresco. Alguns gostavam de acrescentar complementos como o milho, o pepino, a ervilha e a batata palha, não sei se pela fome, pela arrojo da mistura ou para testar a capacidade de abocanhar o “bicho”.  Por fim, pegar uma bisnaga cheia de maionese caseira para rechear à vontade e a cada mordida os espaços vazios, dando o toque final.
Vieram os finais da década de 80 e fomos invadidos pelos “macs”, “bigs”, “máxis” sem graça nem sabor, sem maionese caseira nem recheios frescos. Estacionar nos cantinhos a meia luz nem pensar. Agora é enfrentar a filas de carros, cada qual com seu número de identificação, onde nem sequer podemos ver bem o vendedor que estará blindado atrás de um vidro espelhado onde surge aquela voz robótica: - “Qual o número do lanche Senhor?”. Nem sequer um “oi” ou um breve e despretensioso papo.  Antigamente o atendente te conhecia pelo nome e não falhava no pedido. Pior, se for no balcão,  tem que enfrentar aquela fila de gente e pirralhos onde invariavelmente o atendente não vai entender que você foi ali comer um X salada e, então vai querer te enfiar a nova promoção:
-“Se o senhor levar uma batata frita big, um copo de refrigerante com meio litro de gelo e uma fatia a mais de cheddar, são só mais vinte reais a mais. Vai querer senhor?”
Seu lanche lhe dará o direito a um invólucro plásticos com 10 ml de maionese e outro de ketchup, um guardanapo empacotado num invólucro plástico, um canudinho empacotado num invólucro plástico. Se quiser comer com garfo e faca, eles serão de plástico dispostos em invólucros de plástico. Enfim, tudo acaba tendo sabor de plástico. Tudo isto, dizem é para melhorar a higiene, mas esquecem que todo este plástico vai para os lixões e, o lanche não tem sabor nem charme.
Nos rendemos à indústria do alimento sem qualidade, sem sabor e sem graça. Fomos envolvidos pela mídia que corrompe nossos filhos fazendo-os consumir imagens. Perdemos nossas peculiaridades, nossas culturas, o prazer de fazer e de degustar. Ninguém me convence ao contrário de que as leis de vigilância sanitária são feitas pelas corporações que querem vender os produtos de laboratório das grandes redes mundiais. 
Que saudade dos bons tempos daqueles X saladas saborosos. 

sexta-feira, 9 de julho de 2010

DESCENTRALIZAÇÃO PARA DESARTICULAÇÃO DO PODER REGIONAL

Santa Catarina é um estado, juntamente com Minas Gerais, marcado pela tradição associativista. O Estado apresenta alguns índices de desenvolvimento humano e econômico expressivos, mas também apresenta disparidades regionais que o aproximam das regiões mais paupérrimas do país expondo uma ferida de fortes contradições regionais, reforçadas por diferenças culturais. Estas desigualdades geram, já há muitos anos, uma forte mobilização de atores regionais em busca de planos, projetos e do estabelecimento de instâncias de gestão administrativas regionais fortes que permitam um equilíbrio nas decisões para o desenvolvimento do Estado. Neste quadro, quando surge o embate político, surge um efervescente movimento de articulações que, não raramente, entram em choque, cujos resultados pouco avançam no sentido do equilíbrio sócio-econômico desejado.

Das iniciativas públicas, a mais recente foi a criação das Secretarias de Desenvolvimento Regional. As SDRs são uma espécie de unidades federativas que desarticularam as Associações de Municípios e as Regiões Metropolitanas dando lugar a estruturas administrativas estaduais que, de forma visível, serviram a privilegiar acomodações de parceiros partidários, comandada pelo governador do estado, servindo como um grande cabide de empregos. O ideário da descentralização para o desenvolvimento surtiu efeito como resolução das diferenças político-partidária acomodadas no poder, mas ficou muito distante de uma prática que viabilizasse a aproximação entre governo e sociedade. Porque? Por medo de perda de poder não se avançou ba transferência ao poder local, expressa na dificuldade em transferir realmente competências para este nível.


A formação dos Conselhos de Desenvolvimento Regional não tiveram participação da sociedade na sua formação e, a eles foram delegadas quase que unicamente as decisões para as prioridades das obras de infra-estruturas. Um avanço em relação às instancias de decisão anterior, mas sem resultado prático como planejamento integrado vinculado às estratégias em nível estadual. Enfim, não foram privilegiadas as instâncias de participação e debates de temas estratégicos com a sociedade, pois esta ação poderia gerar riscos nas articulações político-partidárias. Então, deu-se privilégio aos interesses das lideranças regionais vinculadas a tríplice aliança, e a criação das SDRs serviram como um eficientemente mecanismo para o esfriamento temporário de antagonismos. Para as pretensões do governador, no âmbito político, as SDRs surtiram o efeito desejado de anestesiar anseios e contrariedades.
A bem da verdade, nestes últimos oito anos, Santa Catarina pouco avançou na redução das desigualdades regionais, ainda estão muito presentes. O modelo de descentralização não foi de poder, apenas atenuou as demandas numa ótica muito inteligente de desarticulação das forças políticas da sociedade.

Devemos que avançar, não podemos ficar esperando modelos acabados, não vale a pena discutir mapas ou nomes para compor um quadro de agentes políticos ou de acomodação dos descontentes, temos é que discutir conteúdos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

DOWNSIZING

Em qualquer empresa, independente do tamanho e com as tecnologias disponíveis, calcular uma folha de pagamento pode ser feito por uma ou duas pessoas, apenas acionando uma tecla num computador, com um tempo menor e com maior qualidade do que nos tempos das calculadoras. Extrapolar limites da folha de pagamento pode ser considerado uma falha grave em qualquer empresa, instituição privada ou pública, porque o resultado será a redução de recursos para áreas estratégicas. Dentro dos conceitos da administração moderna e com o desenvolvimento da tecnologia, as equipes de trabalho aumentam seu rendimento para manter a competitividade e, quando o custo da folha ultrapassa os limites de razoabilidade, muitas empresas passam a aplicar a teoria do Downsizing.

O Downsizing é uma técnica que visa eliminar a burocracia entre níveis hierárquicos, organizando as estruturas de modo a torná-las mais eficientes. No português claro, é a horizontalização das estruturas hierárquicas, que leva na maioria das vezes a muitas demissões, eliminação das duplicidades, exclusão de cargos e redução do empreguismo quando aplicado no serviço público. Muitas Prefeituras deveriam colocar em prática esta técnica, pois não há mais como o contribuinte assumir os custos dos excessos e do empreguismo.

Quando numa empresa a folha de pagamento chega ao patamar dos 15%, soa o alarme e, se não forem tomadas medidas imediatas, é problema certo. No município, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, o limite de pagamento a funcionários não pode ultrapassar 60% da RCL, sendo que 54% é destinado a folha da prefeitura e 6% para a Câmara Municipal. Quando este patamar é atingido, não sobram recursos para investimentos, pois o saldo é consumido pelo custeio da máquina pública.

Joinville chegou a este limite, segundo afirmam algumas fontes. Não seria a hora certa de aplicar a teoria do downsizing na Prefeitura de Joinville? Claro! Mas é necessário uma decisão política para erradicar cargos, estruturas desnecessárias, funções concorrentes ou em sombreamento. Arrisco a dizer que mais de 40% dos cargos em confiança da Prefeitura de Joinville são totalmente dispensáveis e, outros 20% dos cargos ocupados por servidores também são dispensáveis pela baixa produtividade.

O problema é que não existe qualquer interesse em aplicar a teoria do downsizing aqui. A Prefeitura de Joinville está inflada de gente desnecessária, improdutiva e ineficaz. As informações entre níveis são lentas ou inexistem, assim como os resultados. A classe política que aninha amigos, parentes e abocanha cargos reage ferozmente, não raramente utilizando os sindicatos e meios de comunicação, a qualquer tentativa de enxugar a máquina, especialmente em ano de eleição. Como resultado temos cidadãos inconformados, impotentes e contribuintes infelizes.

Não se percebe qualquer trabalho de inovação e motivação para consolidar uma cultura organizacional de eficiência que vise o comprometimento de todos. Não existem campanhas de informação nem qualquer relação com a sociedade que exponha os motivos ou ações de governo, salvo as propagandas políticas. Falta transparência e respeito ao cidadão contribuinte e ao servidor, distanciando-os cada vez mais da administração.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ONDE FOI PARAR A "CARTA DE JOINVILLE"

Reproduzo o email enviado pelo colega Osmar Gunther, que tenta obter, sem sucesso, informações, conclusões ou o resumo do Fórum sobre Planeajmento Urbano realizado pela Câmara de Vereadores de Joinville. Parece que foi um fórum das mariposas, que gostam de luzes e flashes. Quando as luzes somem, somem também as mariposas organizadoras e idealizadoras, afinal vale lambrar que na abertura do evento o vereador Cristo anunciou que ao final do Fórum seria elaborada a "Carta de Joinville" com as conclusões do evento e suas repercussões para a cidade bem como estaria disponibilizada no site da Câmara o resumo do evento. Uma pena! 


Passa a sensação  que caminhamos alguns passos para a frente mas, logo em seguida, retrocedemos ao início.

"ARROZ COM GALINHA" - por Meira Junior

CANDIDATO SEM PARTIDO

Esse PMDB faz cosas! Parece piada, mas não é. Temos em Santa Catarina um candidato a vice-governador sem partido. Isso mesmo, Eduardo Pinho Moreira teve sua filiação cancelada pelo PMDB. Mesmo assim concorrerá. E nós, mortais idiotas ainda não descentralizados, pensando que seria obrigatório os candidatos terem uma filiação partidária. A candidatura de Colombo começa onde sempre terminam: na justiça. Moreira recorreu ao TSE para obter uma liminar para concorrer. Um belo início. A tripaliança arranca prejudicada, cheia de dúvidas legais e um futuro incerto. Eduardo Moreira entrará para a história como o primeiro candidato sem partido no Brasil.

PLANO 171
Na eleição de 2002, Luiz Henrique usou uma enganação eleitoreira denominada “Plano 15”. Mas esse ano o candidato a governador é Colombo, do DEM. Então seria o Plano 25. Mas o PSDB também participa da negociata, aliás, coligação. Então teremos 15 + 25 + 45= 85. Como LHS, que concorre a senador, vê tudo dobrado, seria 85 X 2 = 170. Aí entrou em cena o marqueteiro, aquele que ficou milionário nos últimos oito anos, e disse que o Plano 170 não estaria identificado com os candidatos. Na mesma lógica, aproveitou o resultado e somou o candidato a vice, Moreira, que está sem partido. Assim, 170 + 1 = 171. Então surgiu o “PLANO 171”. É a cara dos candidatos.

MEIRA JUNIOR

Postado em: http://emeirajunior.blogspot.com/2010/07/temperos-apimentadas_07.html

terça-feira, 6 de julho de 2010

TEVE SOLUÇÃO????

Ao ler o jornal A Notícia desta terça-feira (6/7/2010), vi uma situação muito intrigante. No artigo chamado Teve Solução!, o jornal mostra que a CONURB enganou-se ao colocar a sinalização na rua Padre Kolb. Ao ser alertada pelo jornal, fez posteriormente o concerto.

Não fosse importante a observação, fica a dúvida sobre a responsabilidade dos gestores quando utilizam o dinheiro público para realizarem obras viárias e a sinalização de trânsito.

Nínguém da CONURB observou o erro? É tão nítido e visível que só pode ser resultado de negligência, descaso ou incompetência. Certamente, o erro não é por conta da falta técnicos e especialistas que estão lotando a CONURB ou o IPPUJ, aqueles mesmos que sempre ironizam as observações e comentários dos cidadãos. Imagino que de tão atarefados, eles não dispõe de tempo para sair de seus gabinetes e ir às ruas observar este, e tantos outros erros, equívocos e obras mal executadas, as poucas que existem é bem verdade.

Foi bom descobrir que podemos fazer o governo municipal realizar corretamente as obras ou melhor, corrigir as bobagens que se repetem por toda a cidade, tipo aquele avanço do passeio na rua Duque de Caxias com Visconde de Taunay.

Portanto leitores, se pretenderem escrever ao jornal A Notícia para apontar os erros que identificarem na cidade, vão devagar, para não congestionar o provedor.

domingo, 4 de julho de 2010

Ética e Sustentabilidade

Pensar sustentável exige Gestão dos Recursos, Gestão do Espaço e a Gestão do Uso. Só essa gestão tripartida pode permitir a avaliação correta das necessidades propondo respostas equilibradas e eficientes. Como dizia Richard Buckminster Fuller, é possível e desejável "fazer mais com menos".

É nos tempos de crise que se amadurece. Com recursos menores e cada vez mais caros, com problemas cada vez mais vastos a questão da eficiência torna-se vital.

Projetar é sempre um ato otimista. Prever o futuro é antecipá-lo. Com a participação da sociedade poderemos integrar o processo de projeto, com naturalidade, valores como:

- Reduzir (as soluções podem passar por não fazer ou fazer menor);
- Reutilizar (rentabilizando espaços pré-existentes e gerindo horários de funcionamento); e
- Reciclar.

Estas são premissas para que a sustentabilidade passe a ser natural e as operações possam ser delicadas, atentas e duradouras."

Ricardo Vieira de Mello


A sustentabilidade não é um somatório de “pequenas sustentabilidades” nem uma questão de fé mas, antes, uma questão de sistema, uma questão de escolha entre possibilidades e, portanto, uma questão eminentemente política. A arquitetura, o urbanismo e, portanto, o projeto de arquitetura e urbanismo não são nem técnica nem politicamente neutros. 

A dimensão ética tem, por isso,  regressar às mesas de trabalho dos “construtores de cidades” de hoje. A sustentabilidade começa aí.

José Baptista Coelho