Após a duplicação do trecho norte da BR 101 tornou-se perceptível que a lógica do crescimento e do desenvolvimento econômico de Santa Catarina passa, prioritariamente, dentre outros requisitos, pela disponibilidade de infra-estrutura e logística de transporte. As mudanças ocorridas na região de influência da duplicação inspiram a afirmação de que a melhoria da infra-estrutura deu suporte para uma evolução do segmento de logística com reprodução nos três setores da economia. Santa Catarina teve novos investimentos privados importantes como a implantação de terminais portuários privados (Portonave e Itapoa), influenciados pelo desempenho do Porto de Itajaí (antes da enchente de 2008, Itajaí era o 2º. porto em movimentações de contêineres do Brasil). O aquecimento econômico mundial também permitiu uma recuperação da economia, com destaque para a produção agro-industrial e industrial e, dos setores terciários voltados à logística e distribuição. Em Santa Catarina, 45% do movimento logístico de cargas relaciona-se com outros Estados. Para ganhar competitividade nos produtos destinados aos maiores mercados consumidores nacionais e internacionais, o componente “custo de transporte” passa a ser fundamental.
Transportamos cerca de 90% da sua produção pela via rodoviária, a de maior custo econômico, assumindo custos de fretes crescentes pelos motivos seguintes: estado das rodovias, duração das viagens, roubo de cargas, custo dos seguros, preço dos combustíveis e um grande número de acidentes. Todos os motivos estão relacionados à falta de estratégias para ampliar e modernizar a infra-estrutura logística, especialmente as rodovias e ferrovias. A malha rodoviária pressiona o custo dos fretes e inibe novos empreendimentos, especialmente aqueles passíveis de serem transplantados do eixo Rio-São Paulo, que estão congestionados. Esta situação reduz nossa competitividade.
Precisamos destruir o mito de que Santa Catarina é a “Suíça Brasileira”, ou que os nossos valores culturais e empresariais, muito importantes, são suficientes para o desenvolvimento. Isto só é verdade dentro do ambiente privado e empresarial e não se reflete no comportamento governamental que se mostra perdulário, ineficiente, e sem qualquer estratégia de investimentos em infra-estrutura. Quando se trata de alcançar destaque mercadológico, sócio-econômico e ambiental, lastreado por uma infra-estrutura eficiente e moderna, o Estado está em desvantagem face a outros estados do país. A afirmativa pode ser comprovada quando se consulta nossa posição em relação ao saneamento básico, onde ocupamos um vergonhoso penúltimo lugar, acima unicamente do Piauí. Na infra-estrutura rodoviária estamos em situação igualmente vergonhosa.
Afirma-se que um horizonte de 10 anos a produção catarinense deve crescer, no mínimo, o dobro, desde que haja suporte de infra-estrutura necessária na qual o fundamental é a logística de transporte, onde um conjunto de fatores devem sustentar a interação de modais de transporte visando à complementaridade com o objetivo da redução do custo do frete e aumento de oportunidades para novos empreendimentos.
É necessário chamar a atenção da sociedade catarinense à questão e para as alternativas de transporte e logística mais adequadas, submetendo a idéia aos especialistas da área, aos planejadores, aos empreendedores, aos investidores em transportes de cargas e aos demais interessados.. O planejamento do Estado está desatento ao problema e não há um Plano Estratégico de Transporte e Logística com uma visão de médio e longo prazos. O que se vê são projetos localizados, desprovidos de análises mais profundas e muito vinculadas a grupos ou à mídia para atos de promoção política.
Para o desenvolvimento de Santa Catarina é necessário modernizar ampliar o sistema ferroviário e rodoviário visando a melhoria e ampliação da malha de transportes e logística, melhorando as conexões do interior com o litoral e interligando Santa Catarina aos corredores multimodais de transporte do Sudeste e Centro-Oeste - aos países do Mercosul e, ao oceano Pacífico. O custo estimado dos investimentos é de 9,5 bilhões de Reais e, necessita de um amplo programa de investimentos bem como de estratégias para a inversão de recursos públicos e privados aos objetivos.
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