sexta-feira, 11 de março de 2011

ÂNSIA


Acho que por algum desígnio tenho que me defrontar com lamúrias, a debitar culpas e a lamentar sobre as causas e efeitos da falta de planejamento e de ações eficazes e concretas para a o presente e o futuro da minha cidade, um lugar se aplicou na ação do “Não Fazer”. Mas afinal eu e esta gente toda saberá mesmo o que fala? Esta gente lê? Esta gente alguma vez foi ver o que de bom tem sido feito pelo mundo? Por outro lado, quando será que o Poder Público irá se convencer que o atual modelo do “Não Planejar” é ineficaz para eradicar a pobreza ou para reduzir as desigualdades sociais, e que se fez eficiente para elevar a riqueza de alguns poucos “senhores” sempre próximos do poder local que humilha o povo, que despreza normas, pela simples razão da ambição mesquinha.

Se o bom urbanismo pode ser uma ferramenta importante para erradicar as desigualdades, alguém poderia me explicar racionalmente porque é que os nossos planejadores não estão envolvidos em ações concretas e inteligíveis que nos permitam ver um novo futuro para esta cidade?

Alguém conhece alguma cidade tão permissiva e “democrática” nas suas políticas urbanas quanto Joinville? Saberão do que falam aqueles que dizem que tudo esta normal ou que o planejamento é dinâmico, embora o existente esteja lastreado sobre nenhuma regra ou norma que pressuponha um ponto de vista estratégico e cuja leitura permita ver começo, meio e fim?

Penso que todos somos cúmplices nesta desgraça. Deveríamos ter um escrúpulo mínimo para tratar das questões de Joinville de forma séria, deixando de se aproveitar e reclamar ou, reclamar para depois se aproveitar. E nada disto se trata de ideologia, de matéria doutrinária ou de extremo tecnicismo, desculpas que alguns usam para se refugiar e eficientemente destoar o foco das nossas questões cruciais.

O que precisamos é muito mais, trata-se de nos conhecermos e também de nos reconhecermos, de respeitarmo-nos, de entender nossos territórios, informarmo-nos devidamente sobre razões e motivações históricas dos fenômenos sociais, econômicos, urbanos e naturais que nos levaram a ter sucessos e insucessos mas, sobretudo, ter uma consciência cívica, uma visão universal deslocada dos preconceitos e das ambições mesquinhas, buscando uma razão e compromissos comuns que minimizem os efeitos negativos dos grandes problemas urbanos que nos avizinham bem como estabelecer estratégias para partilhar as conquistas.

Os valores de uma sociedade urbana, se boa ou má, seremos nós os responsáveis e assim seremos identificados. É necessário buscar valores que incentivem o respeito integral mesmo que nem todos pensem como nós.

Nestes dias em que os temas importantes passam a ser tratados pelos superegos, pelas ilicitudes, pelas falsas notícias, pela mesquinharia e tomam conta da informação, deixo de ler os jornais e desligo a televisão, antes que vomite e expresse palavrões outra vez...

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