quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"IL CAVALIERE TEDESCHI"

Eu imaginava que a mais importante instituição empresarial local viria a tomar um novo rumo em direção a renovação, na busca de uma nova linguagem de estreitamento do diálogo com a sociedade, permitindo-lhe a necessária permeabilidade que uma instituição centenária deveria ensejar. Foram-se os tempos de que nossos empresários eram, além de empreendedores, pessoas envolvidas com os problemas da cidade de uma forma menos interesseira e personalista.

Ao contrário, parece que teremos a nossa versão do “Cavaliere”, conforme noticiado nas colunas dos jornais locais e, tudo indica, que a intenção é política, ou seja, dar visibilidade ao futuro presidente da entidadede, nos dois anos que precedem as próximas eleições municipais, para lhe fazer o tapete na disputa à Prefeitura.

Minha humilde visão sugere que misturar as finalidades poderá levar para um contencioso interno, visto que dentro da entidade existem diversas matizes e correntes, sendo justamente isto que a faz ser singular. Na medida em que uma entidade empresarial, composta de vários segmentos e pensamentos, passe a protagonizar, em seu meio, uma postulação política a cargo eletivo aberta, ela poderá enfrentar dificuldades de diversas ordens.

Sob o ponto de vista político, o “Cavaliere” obteve sua primeira vitória, ao convencer seus pares deste projeto mas, por outro lado, a entidade entrará na linha de desconfiança com os demais postulantes, sejam eles qualificados ou não. De alguns críticos surgem opiniões divergentes quanto ao uso da entidade para fim político pessoais. Mais lógico seria que a postulação se desse no seio de um partido político ou pela via de um cargo público notável onde então a entidade pudesse mostrar simpatias e angariar apoios, visto que nosso sistema político quase impõe uma coligação de interesses.

Confusões irão eclodir na casa quando ficar claro que nem todos se colocarão alinhados ao projeto do “Cavaliere”, já que a decisão não foi de uma maioria de associados e, a fórmula de recondução ao cargo não é um ato corporativo suficiente para a construção de uma candidatura. Já vimos naufragarem nomes importantes como Antonio Ermírio, Paulo Skaf , Silvio Santos e outros empresários que se aventuraram pela política através de entidades empresariais.

É quase improvável que o “Cavaliere” venha a contar com poder necessário para forçar uma unanimidade para concorrer à prefeitura, mesmo que haja o sentimento comum de que estamos necessitados de alguém melhor preparado e correto para conduzir os destinos da cidade. A partir de agora a entidade estará sendo atentamente vigiada por adversários.

Ainda que o “Cavaliere” tenha experimentado um tipo de continuidade de liderança, ela não esteve associada a “coisa pública” e, um erro de estratégia pode levar a diversos desgastes. Existem algumas conversas e indicações de que a postura, com esta estratégia, passaria a salvar a própria pele, visto que sua saída como dirigente empresarial é eminente.

O futuro deste projeto depende também do clima político e poderá mudar se o atual Prefeito reverter sua impopularidade ou, se novas alianças e lideranças vierem a se formar para apoiar ou não o projeto. No contraponto há uma concordância que a cidade de Joinville necessita, diante da atual desoladora situação, de um governo capaz, forte, que esteja aberto ao diálogo e seja estável.

Um comentário:

  1. O processo eleitoral da ACIJ não pode ser considerado um modelo de transparência e de democracia. É bom que as intenções reais sejam colocadas desde o primeiro momento.
    Por outro lado a volta do "il cavaliere" a presidência da ACIJ é uma prova que esta faltando lideres empresariais, o que convenhamos é uma pena para uma cidade como Joinville e uma entidade centenária.

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