Tenho certeza que este pensamento já permeou pelas nossas mentes todas as vezes que encontramos algo que não nos agrada em nossa cidade. È um sentimento que reúne o desejo de resolução com impotência. O desejo de resolução é o sentimento de dar a solução imediata para o problema ao qual nos defrontamos, como por exemplo um buraco na rua ou no passeio, cuja solução nos parece óbvia, fazendo a correção de forma imediata, quem sabe jogando um asfaltinho, um concreto ou até uma camada de barro para evitar o desconforto de andar ou enfiar o pé ou a roda do carro no buraco, talvez até levando a um acidente. Já o sentimento de impotência vem com o fato de que não somos quem tem a função de organizar e cuidar da cidade e, portanto, tudo o que imaginamos ser uma solução simples, fácil e óbvia não ocorre, isto porque não temos o poder de resolução nas mãos, ou pensamso que não. Ah seu fosse o Prefeito.
Na linha da resolução eu faria um grande mutirão entre poder público, empresários e comunidade para recuperar e dar uma nova paginação para as nossas calçadas e, se nenhum deles viesse a aderir à proposta, contrataria estas obras e cobraria uma parte dos custos através da contribuição de melhoria. Faria ainda junto a este trabalho o plantio de muitas árvores adequadas ao meio urbano para que a cidade tivesse mais sombra e mais verde público. Também criaria na Prefeitura equipes as quais chamaria de “Turma do Capricho” (esta idéia já foi utilizada em Balneário Camboriú) cuja missão seria, permanentemente, cuidar das nossas calçadas, ruas, praças, canteiros e placas de sinalização, assim como cuidamos rotineiramente da limpeza e manutenção da nossa casa. Também haveria a “Turma do Capricho” nas escolas, postos de saúde, hospitais e em todo o patrimônio público.
Outra coisa que não sai da minha cabeça são aquelas pessoas que vivem marginalmente, em favelas ou locais impróprios. Quando vejo uma criança num lugar destes não consigo enxergar o futuro da cidade. Por isto eu faria um grande esforço para concentrar recursos para resolver as moradias e o saneamento utilizando, por exemplo, os milhões de reais que são gastos anualmente em mídia para produzir qualidade de vida a estas populações. Usaria dos instrumentos estabelecidos no Estatuto da Cidade e no Plano Diretor para gerar os recursos como, por exemplo, a Outorga Onerosa, a Transferência de Direito de Construir e o Estudo de Impacto de Vizinhança, para, com as medidas mitigadoras e compensatórias oriundas das audiências públicas, oferecer as condições para esta transformação. Usaria o instituto da Operação Urbana Consorciada para, juntamente com o empresariado local, investir nestas áreas. Por fim, proporia à comunidade a diminuição do perímetro urbano, tornando a cidade mais compacta e mais econômica para gerir.
Faria do Hospital São José um modelo de unidade, mas faria um novo prédio pois não dá mais para remendar aquele que está ali, talvez mais doente do que seus inquilinos. Este novo São José seria de referência em que toda a comunidade contribuisse, numa espécie de mega plano de saúde, gerido e tratado com seriedade, competência e dissociado da interferência e ingerência política. O administrador seria eleito por um conselho do Hospital formado por funcionários, médicos, prestadores de serviço, empresários, governo e sociedade. As sua contas seriam semstralmente publicadas bem como todos, absolutamente todos os beneficiários, das origens de internação aos resultados obtidos, mesmo que o óbito fizesse parte do relatório. Os Posto de Saude seriam permanentemente vistoriados por um grupo de gestores que também seriam os responsáveiss pela aplicação de recursos e prestação de contas com a sociedade.
Fico imaginando se fossemos pioneiros em implantar um sistema de transporte sustentável, moderno e atraente. Buscaria recursos e parcerias para implantar uma linha de, pelo menos, 15 km de bondes elétricos chamados VLT, ligando o Floresta ao Bom Retiro. Uma grande linha troncal que faria passagem pela margem do centro da cidade, em via exclusiva. Um investimento que parece alto, mas que está á altura da nossa grandeza. Os ônibus da linhas mais importantes seriam todos em piso baixo e climatizados, um conforto indispensável para quem precisa deste meio de transporte todo o dia. As minhas ciclovia seriam seguras, segregadas, com uma paginação agradável e ambientadas com os passeios. Não permitiria que os passeios fossem locais de estacionamento de carros e daria um incentivo fiscal para quem florisse os recuos frontais. Demoliria sem dó nem piedade o Terminal Central e, para aquela área faria um concurso público para requalificar e revitalização o centro, desapropriando o antigo Cine Palácio para nele colocar nossa nova Biblioteca Pública.
Não teria a menor dó em demolir parte do Centreventos e o pavilhão ao seu lado, retomando o projeto do Teatro Municipal elaborado pelo arquiteto Rubens Meister e dando a memória do Cau Hansen e do Edmundo Dobrawa motivos de orgulho. Ali seria, juntamente com o Bolshoi, o grande centro de artes, teatro, música e dança. Resgataria e ampliaria o Museu do Sambaqui, a Casa da Cultura e o Arquivo Histórico. Faria da Rua da Palmeiras o nosso verdadeiro cartão postal com a valorização do Museu Nacional da Imigração. Para finalizar, faria um grande pólo tecnológico na Univille/Udesc/UFSC, para que neste espaço tivéssemos a oportunidade de gerar inovação, empreendedorismo e saber. Na mesma medida, eu transformaria a Fundação 25 de Julho num Pólo Tecnológico voltado a Sustentabilidade, apoiando a agricultura e a manutenção dos nossos patrimônios naturais.
Para finalizar, teria no Rio Cachoeira o espelho do meu governo, pois ele seria um patrimônio de todos. Não sei como, mas proporia que cada proprietário de imóvel em Joinville fosse também proprietário de parte deste rio e, a partir de uma contribuição ou imposto gerado nesta fatia do terreno, iria iniciar a sua inadiável recuperação. A mesma proposta eu faria para o Morro do Boa Vista e Iririú e, com os recursos gerados destas cotas de terreno, tornaria uma área de domínio público e social. Não seria ótimo se cada um de nós fossemos dono de um pedaço daqueles morros? Para os demais morros da área urbana de Joinville seria implacável na manutenção do patrimônio natural acima da cota 40.
São tantas as imagens que passam pela mente para tornar minha cidade, meu lugar e meu lar num ambiente de qualidade que ficaria dias a escrever. Penso muito no que é possível fazer, mas também como viabilizá-los, por isto, algumas coisas passariam apenas pela linha do sonho, às vezes beirando ao delírio. Apenas tenho certeza de que se todos nós tivéssemos a oportunidade de oferecer idéias e contribuições, muitos dos nossos desejos seriam tangíveis. Então, se eu fosse Prefeito, estaria ao lado dos meus cidadãos, abrindo espaços a opiniões, sugestões, parcerias e, para a elas oferecer cidadania plena, de direitos aos deveres.
E o turismo? Ora, com tudo isto aí, ne precisaria fazer muito esforço.
Ahhh se eu fosse o Prefeito.
Potado originalmente em http://gollnick.blog.terra.com.br/2008/11/19/ah-se-eu-fosse-o-prefeito/
Pelo que vejo, este seu post, que não é novo, é um programa de governo.
ResponderExcluirParabéns por ter a coragem de expor as suas idéias e propostas.
Jordi. Não é um texto novo pois ele foi originalmente postado no blog Viver Urbanamente. Também não se trata de um programa de governo, mas são expressões ou idéias e quem percorre a cidade e observa as mazelas e as oportunidades que dispomos e que poderiam compor uma agenda de trabalho aos governantes. Repostei este texto inspirado pelo Ely Diniz que elaborou um texto publicado na AN ("Você.leitor" - 13/01/2011) "Promessas e Desejos".
ResponderExcluirA linha de raciocínio é semelhante e sugere que poderíamos elaborar uma agenda de intenções e desejos. É muito interessante porque estas sugestões pordem aquecer um elenco de planos possíveis ou factíveis para Joinville, mesmo que nossos gestores não os considerem. Fazer este exercício é muito interessante, mais ou menos na linha dos "brainstorming", elencando idéias e depurando-as com o tempo. Talvez seria uma nova edição do "Pensando Joinville".