Domenico De Masi trata, em seu livro O Ócio Criativo, sobre o que você pode esperar do futuro, na vida, na carreira e no mundo para os próximos 20 anos. Ele definiu 10 tendências relativizadas nos 10 mandamentos. Fiz uma apropriação das tendências por ele propostas, olhando para o Brasil nos p´roximos anos, ajustando-as a nossa realidade, a qual me atrevo a fazer as seguintes previsões:
1. Longevidade: Vivemos num país de terceiro mundo que não sai do estado “em desenvolvimento”, uma transitoriedade irritante que me acompanha desde o nascimento. Em 500 anos, nossa cobertura de saneamento básico é de 50%, (considerado como “satisfatório”) e, 78% da população tem acesso a água tratada (dados do Ministério das Cidades). Sinceramente, será difícil aumentar a expectativa de vida para além dos 70 anos. Aids, câncer não os maiores causadores de mortes no Brasil, mas sim o trânsito. Não dispomos de estradas descentes, educação no trânsito nem hospitais equipados. Com a corrupção endêmica na política, o sistema de saúde pública não dará a possibilidades de atingir a meta dos 100 anos de vida preconizada pelo Domenico De Masi.
2. Tecnologia: Somos um país sem cientistas. Os poucos heróis (devem ser também loucos) que teimam em permanecer no país não dispõe de apoio. Nosso desenvolvimento em tecnologias de informática é totalmente incipiente. Assim, seremos dependentes por anos a comprar tecnologia ultrapassada de paises desenvolvidos e, nos restará pouca chance de sermos competitivos ou beneficiários diretos das novas tecnologias. Segundo De Masi, um chip terá o mesmo tamanho que um neurônio e custará 1 centavo. Aqui, 1 centavo será o valor do cérebro. Nossa realidade é que nos faz criativos e muito distantes da intelectualidade repetitiva, pois continuaremos a depender exclusivamente das pessoas e do governo.
3. Trabalho e formação: Trabalho, estudo e tempo livre. A educação o Brasil não é intensa nem permanente e não ocupa boa parte da vida dos brasileiros. 10% dos brasileiros são analfabetos e, por conta do bolsa família, estamos criando uma nova geração de “analfabetos obesos” (frase do Cajuru). 43% de toda a economia é gerada pela informalidade, fazendo com que a concentração de renda e as desigualdades sociais permaneçam intactas por muito tempo. Levaremos uma geração inteira para alterar esta perspectiva, pois é improvável que tenhamos aqui um pacto social para redistribuir a riqueza, o trabalho, o conhecimento e o poder. Nossa criatividade, que é fruto das dificuldades, da burocracia e da corrupção no governo, nos afastará do desenvolvimento pois ela será usada para "matar o tempo". Seguindo o modelo populista do semi-deus Lula, veremos a proliferação do paternalismo público, onde ninguém mais vai querer fazer trabalho braçal, estudar ou trabalhar. Donas de casa e estudantes serão remunerados, assim como os desempregados. Veremos multiplicar as bolsas famílias, bolsas gás, bolsas chopp, seguro desemprego, etc., até que o petróleo do pré-sal acabe.
4. Onipresença: O Estado conseguirá domar a imprensa e, com o futuro Cartão Unificado ligado ao sistema integrado da Receita Federal e Polícia Federal, estaremos sendo monitorados em qualquer lugar, por celular ou Internet. A cada movimento, nos será cobrado impostos para abastecer a imensa máquina pública. A cirurgia plástica virá para resolverá isso – modificaremos o corpo e a fisionomia para fugir do fisco, como fez o Dirceu para não ser reconhecido pela polícia.
5. Tempo livre: Com o exemplo de um sujeito que nunca trabalhou na vida e virou presidente e, com o apoio das bolsas paternalistas que o governo deste presidente criou para o povo, aumentarão as horas de ócio como uma epidemia que terá origem no Nordeste do país. Cresceremos intelectualmente? Resposta: Não! Tenderemos à criatividade ou à dispersão? – Resposta: Não! Prevalecerá a violência ou a harmonia? Resposta: As duas, pois teremos mais gente anestesiada com o paternalismo, assim como serão mais e maiores os consumidores de drogas na mais vigorosas das indústrias - o tráfico, onde bandidos e policiais serão irreconhecíveis. Todos estarão numa boa, desde que paguem os impostos ou aos bandidos, e vice-versa.
6. Androginia: O Brasil será ainda mais andrógino. Serão mulheres vestidas de homens, homens vestidos de mulheres, políticos vestidos de ladrões e ladrões vestidos de políticos. Os santos serão banidos. Portanto, estaremos muito à frente do Novo Mundo imaginado pelo De Masi.
7. Estética: Como a perfeição técnica do photoshop como requisito indispensável a maquiar as imagens dos nossos políticos, o que irá fazer a diferença nas eleições será aquele que aperfeiçoar ainda mais suas qualidades formais. Ou seja, forma será mais importante do que conteúdo. Daí as atividades estéticas vão ser valorizadíssimas – assim como já ocorre hoje com a política no Brasil.
8. Ética: Numa sociedade onde a corrupção é tratada como piada e vantagem, onde não prestar serviços básicos tornou-se rotina, onde tratar o cliente como palhaço é a maior das vantagens competitivas, a ética será o mais alto crime. Apenas os homens sem caráter vencerão. Podemos até dizer que já entramos nesta nova era com muita força.
9. Subjetividade: Segundo De Masi, o que diferenciará profissionalmente uma pessoa da outra serão seus gostos e seu comportamento. As pessoas vão fazer só as coisas pelas quais se apaixonem e só trabalharão em áreas que as motivem. Como já nos falta a motivação, não precisamos ficar inutilmente competindo.
10. Qualidade de vida: As pessoas não aceitarão trabalhos mais do que três meses, caso não estejam no serviço público, onde trabalhar será facultativo. Com a bolsa família, seguro desemprego, 12 meses de licença maternidade para pai e mãe, outras vantagens ainda virão fazendo com que todos os que sobreviverem irão viver bem. Para nós, a preocupação será como viver e não o quanto viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário