quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AQUI TÁ RUIM

Porque não temos o direito de morar na nossa cidade com alguma qualidade de vida? A propósito, o que é esta tal qualidade de vida urbana? Qual é o exato valor que distingue qualidade de vida para um cidadão?

Não há uma definição exata, mas é certo que o termo qualidade de vida não está relacionado com aquela imagem produzida em prospectos imobiliários mostrando prédios residenciais com fachadas reluzentes e envidraçadas. Também não está relacionada com aquele condomínio de luxo, afinal poucos serão os mortais que chegarão a habitá-lo. Muito menos tem haver com os “apertamentos” do Minha Casa Minha Vida.

Geralmente, confundimos qualidade de vida com o sentido de “posse”, de ter a propriedade ou mesmo de que, acima do primeiro andar, estaremos mais protegidos do caos e das mazelas com o espaço e a coisa pública. Qualidade de vida é um conjunto de situações que nos permitam bem estar, em corpo e mente.

Quando falo na mente, refiro-me também a consciência, pois parausufruirmos a qualidade de vida não podemos destruir o meio ambiente, as identidades. Quando usamos de estratégias esquivas para conseguir um melhor pedaço de chão, esquivando-nos dos vizinhos ou deixamos de nos importar com o que acontece do outro lado dos limites do nosso lar, não estaremos conquistando qualidade de vida, apenas o individualismo extremo.

Num plano mais social, a qualidade de vida também deve refletir a disponibilidade de meios e infraestruturas que nos permitam viver sem agredir, onde possamos deslocarmo-nos livremente sem comprometer a liberdade dos outros, dispor de serviços públicos eficientes, sanemento, água, ter acesso à saúde, a educação e a cultura. Enfim, são muitos os itens desta tal qualidade de vida.

Mas nem todos pensam assim. Alguns querem extrair ou privar cidadãos que conquistaram sua qualidade de vida com o trabalho, que escolheram o loacla para morar traquilos, que respeitam o meio ambiente, que desejam mais espaços verdes, cultivam o sossego mas também a sociabilidade, onde podem cultivar as flores ou hortaliças em seus jardins ao sol da manhã ou da tarde.

Para aqueles que genericamente chamamos de especuladores, este estado de graça, esta qualidade de vida é algo sem qualquer sentido, Não interessa se você está feliz em sua casa e convive com seus vizinhos de forma harmoniosa. Não importam as árvores que rodeiam seu quintal, nem os passáros que você tem o privilégio de observar e admirar.

Normalmente estes cidadãos que escolheram uma vida pacata, que desjam morar em casas, são chamados de excêntricos, são acusados de esnobes poruqe tem aquilo que todos desejam, mas nem sempre aceitam. Os moradores da ruia Aquidaban simplesmente desejam morar tranquilos.

Quando os especuladores acham algum pedaço de terra que sirva para construir ou empreender edificações de alta densidade, altos rendimentos, não tem qualquer respeito aos que vivem no local. Destroem as identidade como se elas não tivessem qualquer importância.

Usam de meios escusos para convencer agentes de governo a mudarem o status dos locais de interesse, desfigurando e descaracterizando territórios, abrindo feridas na cidade e, não raramente, no seio de muitas famílias. Para o especulador, se ele ganhar muito dinheiro de forma fácil, qualquer lugar serve. Aqui tá bom! E ponto Final.

Pois é, os moradores da Rua Aquidaban, ganharam alguns presentes de Grego. Os planejadores consideraram esta rua com um quilometro, sem continuidade, como um eixo estrutural viário. Para os eixos se recomenda a verticalização. A verticalização é tudo que interessa a alguns jovens proprietários de terrenos que já tem planos com especuladores para transformá-la em um empilhamento de edifícios, aqueles que serão vendidos mentirosamente afirmando que neles o comprador irá atingir a “qualidade de vida”, uma qualidade falsa ao custo de muitas pessoas e da extinção de um espaço urbano ímpar, com real qualidade de vida.

Cada vez eu me convenço mais de que Aqui tá Ruim.

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