domingo, 27 de fevereiro de 2011

CIDADE SENSUAL - ENSAIOS EVOLUTIVOS

A cultura urbana que o homem instalou no final do século XX tomou uma nova dimensão neste novo século. Cidades gigantes, com mais de dez milhões de habitantes estão espalhadas por todos os continentes. Metade da população mundial vive nas cidades, uma proporção que está em constante crescimento e que nos obriga a considerar novos modos de vida urbano. Esse crescimento certamente não é sem conseqüências, ele causa problemas sociais e de funcionamento numa escala nunca antes vista, ameaçando não apenas os recursos do nosso planeta, mas também a vida coletiva.


Uma corrente do “International Planning” estabelece soluções genéricas, onde a tecnologia é onipresente, concebidas como uma infra-estrutura, um universo artificial, cheio de potencial, mas também cheio de restrições que o homem deve se adaptar mais do que se beneficiar.

A oposição nostálgica entre a cidade e a nação deixou de ser pertinente, a grande cidade de hoje passa a ser pensada num panorama nacional e global, conciliando-se com uma natureza artificial, tentando reconciliar-se com o ambiente natural residual em busca de um mundo harmonioso em que a tecnologia serve ao homem e não o inverso.

Uma das vertentes de pensamento do novo urbanismo sugere um novo conceito que é a “Cidade Sensual”, numa abordagem do desenvolvimento sustentável como prioridade. Isto não tem haver apenas com a redução do consumo de energia ou de materiais, mas parte da idéia de criar um mundo urbano diferente onde as possibilidades tecnológicas, que nos parecem ser ilimitadas pela constante inovação e criação, venham a ser revertidas para uma mudança de postura da sociedade. É provável que as questões meramente técnicas do uso de combustíveis, do aquecimento, das energias renováveis, etc. - serão reguladas pela técnica em si.

A questão é como será viver nas cidades com todas estas inovações se o conjunto do tecido social ainda é arcaico ou insurgente quanto a distribuição do conhecimento e dos benefícios oriundo destas inovações marcada pelas restrições de setores corporativos ou políticos de domínio absoluto, num jogo onde se coloca em pauta uma real qualidade de vida - e não a sua apenas de sobrevivência.

A Arquitetura e Urbanismo podem assumir um importante papel nesta tarefa de distribuir as inovações tecnológicas, especialmente para os setores ou segmentos sociais que estão normalmente à margem destes benefícios. O conforto, no sentido humano, tem haver com arquitetura, pois é sinônimo de iluminação, climatização, ambientação, mobilidade, etc. Mas a cidade sensual náo será apenas isto.

A hiperfuncioalidade expressa em muitos projetos ou criações motiva, na arquitetura, no urbanismo e na engenharia, o desenvolvimento de novas tecnologias, que muitas vezes vão além da realidade palpável sendo o ponto de partida dos limites de qualquer projeto.

O “International Planning” passou a ser uma espécie de estilo comum a todos os países e a todos os autores, virando um programa conceitual, utilizando as formidáveis tecnologias que transpassam fronteiras mas que, muitas vezes descaracterizam traços culturais, condicionante que não pode ser desprezada na harmonização das cidades e suas identidades.

Até onde o  “International Planning” como conceito genérico pode opor-se a uma cidade contemporânea em harmonia com a natureza, com o clima, com uma vida em comunidade, com a mudança das estações, com a memória da passagem do tempo. Os conceitos genéricos devem ser substituídos por uma visão mais contextual?

A inovação deve ter como foco o enfrentamento dos desafios sociais de uma nova natureza. A cidade tem resultados funcionais do crescimento excessivo, com sérios riscos de explosão social. Para nós, arquitetos e urbanistas, pensar sobre a cidade e sobre as mais variadas constatações leva-nos a explorar territórios híbridos requerendo uma renovação radical dos padrões de desenho e soluções. A idéia da concepção de uma cidade sensual pretende ilustrar a possibilidade de construir uma paisagem urbana dentro de uma experiência sensorial, relacionada com quem nela habita, de forma mais completa, onde o resultado venha a ser totalmente perceptível e oportunizada por aqueles que nela vivem.


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