terça-feira, 27 de julho de 2010

EXCÊNTRICA

Em “AN”, na coluna “AN Portal”, de Jefferson Saavedra, de 20/7, leio: “Entre tantos problemas que atrasam a conclusão do Parque do Boa Vista (lista longa, vai desde desvalorização cambial até chuvas) está a necessidade de mudança dos decks no final das trilhas, onde o pessoal pode ficar de observação. O solo não suporta estruturas de concreto. Terão que ser de metal, uns R$ 700 mil mais caros. Não há prazo definido para a conclusão das obras do maior parque programado com a grana do Fonplata.”

Sinceramente, não consigo acreditar no que leio. Ou o colunista se enganou ou tem algo errado com quem fez o projeto, com quem financiou, com quem autorizou, ou com quem está gerenciando a obra. Senão, vejamos: quando a gente faz uma gambiarra em casa, aquelas famosas emendas de meia-água, sem projeto, para não gastar, não pagar arquiteto e nem engenheiro, muito menos Crea, INSS e Prefeitura, a gente define as fundações fazendo uns furos de trado manual como sondagem (coisa empírica e que qualquer pedreiro sabe fazer).
Agora, uma obra pública de porte, de milhares de reais, licitada com dinheiro de financiadora internacional, com arquitetos e engenheiros, vir com a argumentação de que a obra vai atrasar porque o solo não suporta estrutura de concreto? Tem que ter alguma coisa errada.

Não é possível que os arquitetos tenham feito o projeto e que os engenheiros tenham dimensionado as estruturas e agora nesta fase final da obra se use como desculpa para o atraso que o solo não suporta a estrutura dos decks e que esta tenha que ser mudada para estrutura de aço. Desculpem-me a sinceridade, mas estão brincando com a engenharia e com a minha inteligência. O mínimo que se faz em uma obra qualquer e que vai receber uma estrutura é, antes de começar o projeto, fazer uma sondagem do solo. Esta de que o solo não suporta estrutura de concreto é no mínimo brincadeira.

Se a notícia é verídica, eu diria que a desculpa da vez é, em termos de engenharia, no mínimo excêntrica, para não dizer ridícula. Como diria o Lilo Boca D’Água, figura das melhores nascida ali no Bucarein: “Quem inventa uma desculpa dessas em ano de eleição mente até pra padre no confessionário”.

ANSELMO FÁBIO DE MORAES

OBSERVAÇÃO DO BLOGUEIRO: É importante o destaque que o Engenheiro e Professor Anselmo Moraes da quanto de quem é a resposnabilidade da elaboração dos projetos e, de quem foi a responsabilidade para liberar recursos para as obras. Em qualquer processo hoje no TCU ou TCE estes equivocos, se assim podemos chamar, são punidos imputando penas de responsabilidade.  Avaliar previamente o projeto, os requisistos de segurança que uma obra pública necessita, especialmente as passarelas deste parque que serão utilizadas por diversas pessoas seria uma tarefa indispensável e me espanta que os técnicos do FONPLATA deixassem passar este erro desapercebidamente.

Se existem um ou mais responsáveis técnicos pelo projeto que não observaram as normas e procedimentos necessários, eximindo-se da resposnabilidade, é justo que a sociedade arque com as consequencias de 700 mil reais? É justamente nestes momentos que os nossos gestores públicos se calam.

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