quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Via Gastronômica Engolindo Nosso Patrimônio Arquitetônico


O que foi feito das casas e casarões da Rua Visconde de Taunay?

Alguns casarões foram demolidos na calada da noite ou, em nome de uma "reforma" e do vil metal, passaram a receber toda a ordem de enxertos, aumentos e ampliações. Ilegais aos olhos da legislações, cada vez mais as ocupações vem chegando a beira das ???calçadas???, que aos poucos vão sendo tomadas para dar lugar a mesinhas, explusando definitivamente pedestres do seu direito de ir e vir com segurança. Sobram algumas casas ainda visíveis, mas estão com seus dias contados.

Ao dar um nome de fantasia para a Rua Visconde de Taunay de "Via Gatronômica", foram permitidos desvios legais de toda ordem na ocupação de terrenos sem qualquer necessidade. Todos os imóveis da rua tem amplos terrenos e suas construções originais estavam afastadas da rua permitindo que os recuos pudessem ser amplos jardins que, se devidamente planejados e projetaos, poderiam até admitir construções temporárias como tendas, gazebos ou pérgolas.

Mas por detraz das novas fachadas com filetes de madeira (será que meus colegas arquitetos não tem outra solução?) e de tantos front lights, estão casarões de beleza singular que foram descaracterizados, invadindo recuos e jardins e, agora, passam a ocupar também os passeios. 

Poderiam compor uma paisagem e arquitetura mais particular e peculiar desta cidade, resgatando talvez algumas identidades perdidas e, assim, promover locais de verdadeira gastronomia, coisa que não existe alí. O que temos é a "macdonalização" de prédios e comidinhas temáticas, nada que possa entrar numa classificação estrelada do Guia 4 Rodas.

A "Via Gastronômica" de Joinville nasceu pretenciosa e, assim como outras tantas pretenções locais (arenas, teatros, megacentros, parques, etc.), ficou no caminho e se vulgarizou pela mesmice e pouca qualificação, resumindo-se a uma sequencia de "barzinhos". É isto! Talvez ela deveria se chamar a "Via dos Barzinhos". Seria mais honesto e, talvez sendo apenas barzinhos, poderiámos resgatar a bela arquitetura que vem sendo escondida, alterada, invadida e destruída, num completo desrespeito dos que pedem e concedem alvarás. 

A arquitetura a que faço referência existe, está lá bastando um pouco de sabedoria para trazê-la á tona sem que, para isto, fossem quebrados qualquer encantos ou pretensões.

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